quarta-feira, 21 de maio de 2014

O HMS Lancaster e o orgulho nacional

É conhecida a enorme empatia que existe entre o Reino Unido e a sua Marinha, mas também a objectividade e a interesse com que a sua comunicação social acompanha a Royal Navy, que é uma das instituições que melhor simboliza o poder, que  representa a tradição histórica e que afirma o prestígio britânicos no mundo.
Hoje, o jornal Daily Telegraph destaca na sua primeira página e com uma excelente fotografia, a visita que a Rainha Isabel II fez ao HMS Lancaster, a propósito da comissão que, entre Maio e Dezembro de 2013, o navio efectuou no Atlântico Norte e nas Caraíbas, na qual navegou mais de 30.000 milhas e visitou duas dezenas de portos. Nessa comissão o navio “was involved in six drugs busts – detaining 23 drug-runners and seizing 1.2 tonnes of cocaine and nearly 1.5 tonnes of cannabis, which would worth £160 million on the streets of the UK”.
Nesta visita, que foi efectuada com o navio atracado na Base Naval de Portsmouth, a Rainha demonstrou o seu afecto para com a Royal Navy ao posar com a guarnição na "foto de família do navio" e ao almoçar a bordo com a guarnição e as suas famílias. Na sua edição online, o Daily Telegraph publica uma excelente reportagem fotográfica e um pequeno filme sobre a visita da Rainha, que suscitou muitas dezenas de elogiosos (e orgulhosos) comentários dos leitores. 
Lamentavelmente, nós não temos este tipo de reconhecimento, que tanto orgulha o Reino Unido. Os nossos navios cumprem missões semelhantes e prestigiam o nosso país, mas as suas missões não interessam os jornalistas, além de que a ignorância, a mediocridade e a incultura da generalidade dos nossos políticos os torna uns obcecados com outras coisas que não são o interesse nacional. Como é que gente desta pode ser inspiradora de ideais nobres, que sejam mobilizadores do orgulho e da vontade nacionais para um futuro de progresso?

Angústia nas Fiestas de San Isidro

Ontem em Madrid, na praça de Las Ventas, que é a segunda maior praça de touros do mundo e que tem capacidade para 25 mil espectadores, durante uma corrida integrada nas Fiestas de San Isidro, sucederam-se três graves acidentes que deixaram três toureiros feridos, um dos quais em estado muito grave. Foi uma tarde de angústia e nas suas edições de hoje, muitos jornais espanhóis relatam os acontecimentos e ilustram as suas primeiras páginas com fotografias dos acontecimentos. O diário madrileno La Razón, escolheu o título “drama histórico en Las Ventas” e escreveu “tanta angustia en una sola corrida”, pois foram apenas dois touros que, em menos de uma hora, tinham mandado três toureiros para a enfermaria. A corrida foi suspensa, numa decisão que não acontecia desde 1979 e, quando essa suspensão foi anunciada, o público permaneceu silencioso nas bancadas esperando com ansiedade pelas notícias do drama que se desenrolara perante os seus olhos e os seus entusiasmos.
As Fiestas de San Isidro são consideradas a maior festa da cidade, celebram-se anualmente desde meados de Maio até meados de Junho e incluem a chamada Feria Taurina de San Isidro ou Isidrada que, com corridas diárias, recebe sempre os melhores toureiros do momento.
Não sou apreciador da chamada festa brava, nem como espectáculo, nem como negócio, nem sequer como expressão de arte ou de cultura tauromáquica ou outra. Passo muito bem sem a festa brava e lamento o dramatismo e a tragédia que tantas vezes lhe está associada e que se revela em situações como a que se viveu ontem em Las Ventas e mandou David Mora, António Nazaré e Jimenez Fortes para a enfermaria.