segunda-feira, 26 de maio de 2025

Goa em dia da chegada da monção

Ontem cheguei a Goa, o estado indiano que esteve sob a soberania portuguesa até 1961 e que, por razões diversas, não visitava desde há vários anos. Viajei de Lisboa num voo da Qatar Airways com escala em Doha, bem acompanhado, com conforto e com um excelente serviço de bordo.
No mesmo dia a monção chegou a Goa e, segundo a edição de hoje do jornal The Navhind Times que se publica em Pangim, apareceu com onze dias de avanço em relação à data habitual. A data “oficial” em que a monção chega a Goa é o dia 5 de junho, mas nos últimos dez anos chegou atrasada sete vezes, adiantada duas vezes e só em 2021 chegou no dia esperado. Nos últimos vinte anos nunca chegara tão cedo e todas estas “anomalias” da meteorologia da costa ocidental da Índia são atribuídas às alterações climáticas. 
A monção vai “permanecer” em Goa até meados de setembro, com chuva quase contínua e muitas vezes torrencial, que perturba a vida económica e social, inunda os campos, imobiliza a frota pesqueira e desertifica praias que são batidas por mares tempestuosos. Porém, a monção também é uma fonte de vida, pois atenua o calor intenso que aquecera o ambiente e, em poucos dias, faz despontar uma paisagem verdejante que traz consigo a marca da abundância para as populações rurais. Naturalmente, a monção tem sido inspiradora de uma boa parte da literatura goesa, mas também de práticas culturais muito diversas. 
Estar em Goa em tempo de monção é um verdadeiro privilégio,  sobretudo em termos históricos e culturais, até porque uma boa parte da expansão marítima portuguesa do século XVI foi condicionada pela mesma monção que ontem chegou a Goa.