A Alemanha é rica mas tem fraca memória, pois esquece que há 60 anos, exactamente no dia 27 de Fevereiro de 1953, houve um grupo de duas dezenas de países, entre os quais a Grécia, a Irlanda e a Espanha, que decidiram perdoar-lhe mais de 60% da sua dívida, através de um acordo assinado em Londres, conforme revelou o diário digital Dinheiro Vivo. Este perdão, que na prática foi uma extensão e reforço das ajudas financeiras directas do Plano Marshall, permitiu aos alemães a redução substancial da sua dívida, contraída antes e depois da Segunda Guerra Mundial. Segundo um perito citado pelo Dinheiro Vivo, a dívida antes da guerra ascendia a 22,6 mil milhões de marcos, incluindo juros, enquanto a dívida do pós-guerra foi estimada em 16,2 mil milhões. No acordo assinado em Londres esses montantes foram reduzidos para 7,5 mil milhões e 7 mil milhões respectivamente, o que equivale a uma redução de 62,6%. Porém, o acordo foi mais longe ao estabelecer a possibilidade da Alemanha suspender pagamentos e renegociar as condições, caso ocorresse “uma mudança substancial que limitasse a disponibilidade de recursos" para além de, em alguns casos, ter havido uma redução significativa das taxas de juro aplicadas. O historiador alemão Albrecht Ritschl, que é professor na London School of Economics, numa entrevista à edição on line da revista Der Spiegel (21 de Junho de 2011) afirmou que “Germany was the biggest debt transgressor of 20th century” e confirmou que existiu de facto um perdão de dívida gigantesco ao país. Porém, agora são os filhos e os netos dos que beneficiaram daquele perdão, que estão a asfixiar quem antes foi solidário e lhes perdoou as dívidas e tantas outras coisas mais.