Ontem o nosso contabilista deu mais uma lição de insensibilidade social, de ignorância económica e de servilismo aos interesses dos especuladores (ou dos mercados) e o Diário de Notícias sumariou-a: “Gaspar anuncia futuro negro”. Então um ministro anuncia um futuro negro e não se demite? E ninguém o demite por ele nos andar a enganar há tanto tempo? Depois de cerca de 21 meses de governo e de todas as declarações e promessas feitas, antes e depois das eleições legislativas de 5 de Junho de 2011, os resultados são verdadeiramente catastróficos. Estamos perante a pior recessão de que há memória em Portugal, com uma quebra do produto nacional de 3,2%, uma brutal quebra no consumo e nas exportações, um desemprego que já atinge cerca de um milhão de pessoas e um ambiente social depressivo e sem esperança. Não é preciso ser economista nem ler estatísticas para ver a triste realidade que nos cerca. Os nossos jovens governantes revelam inexperiência, ignorância, atrevimento e insensibilidade social. Um dos que se destaca nessa intolerável atitude é exactamente o nosso contabilista, que tem falhado sempre e que já nem tem o apoio do seu próprio partido. É a nossa desgraça!
Entretanto, o homem que chamou piegas aos portugueses, movimenta-se emparedado entre o seu contabilista e um relvas sem escrúpulos, insistindo teimosamente nas mesmas receitas que nos levaram a esta delicada situação. Ele não sabe, nem quer aprender outras soluções. Submisso e vaidoso, deslumbra-se com os elogios que lhe fazem em Bruxelas e Frankfurt. Não arrepia caminho e continua a afirmar “nem mais tempo, nem mais dinheiro”. O Titanic afunda, mas ele e a sua banda continuam a tocar no salão, embora alguns músicos já estejam a preparar-se para embarcar nos botes de salvação. A situação é muito complexa e as dificuldades são enormes. A recessão é europeia e a crise também é europeia. Ninguém tem dúvidas disso. Anunciam-nos um futuro negro. E o que faz o homem do leme? Visita moagens e fábricas de cogumelos.