A edição de hoje
do jormal francês La Dépêche du Midi mostra as fotografias de Zelensky, Trump e
Putin e, como manchete, pergunta se o ano de 2025 será o ponto de viragem, isto é, se é o ano do fim da guerra na Ucrânia.
Era bom que a resposta fosse positiva, que terminasse a guerra, que fosse
aliviado o sofrimento dos ucranianos e que os europeus e o mundo respirassem de
alívio.
A guerra na
Ucrânia já dura há quase três anos e é uma vergonha civilizacional para a
Europa, que deveria ter presentes as catástrofes de 1914-1918 e de 1939-1945. Porém,
em vez de procurar os caminhos da paz, as partes só falam de guerra e de mais
guerra, de armas e de mais armas, usando uma preocupante retórica belicista,
com a qual a indústria do armamento lucra escandalosamente.
No seu actual
formato, a guerra foi iniciada no dia 24 de Fevereiro de 2022 com a invasão
russa da Ucrânia. Nesse dia, o regime de Putin deu início a uma “operação
militar especial”, embora já se verificasse uma tensão separatista e de guerra
desde há alguns anos nas regiões orientais ucranianas, devido à luta das
autoproclamadas independências de Donetsk e Lugansk. O regime de Kiev reagiu à
invasão russa com o apoio militar de vários países ocidentais e da própria NATO
e, na realidade, a possível integração da Ucrânia na NATO tornou-se o factor
determinante da guerra e da paz, pois passou a ser considerada uma ameaça para Moscovo.
Agora com a
eleição de Donald Trump para a Casa Branca e com a sua repetida promessa de
“acabar com a guerra em 24 horas”, as expectativas subiram e fica claro que o
que está em jogo não são apenas o fim da guerra e a satisfação das aspirações
autonomistas de algumas regiões orientais da Ucrânia. Fica evidenciado que, com
esta guerra, estão confrontadas as rivalidades entre as superpotências americana
e russa, com a China a espreitar e com a velha e preguiçosa Europa de cócoras,
sem ter opinião própria. Talvez o Donald consiga acabar com esta situação
catastrófica que está a destruir a Ucrânia, a abalar as economias europeias e a
ameaçar a paz no mundo.