quarta-feira, 9 de março de 2022

Sim ao cessar-fogo e à paz na Ucrânia!!!

A edição de ontem do jornal espanhol elEconomista.es inclui na sua primeira página um mapa da Ucrânia, em que a parte ocidental está colorida com as cores nacionais azul e amarelo, enquanto a parte oriental apresenta dois tons de castanho que parecem ser as cores das repúblicas rebeldes. Aparentemente a linha que separa as duas partes é o rio Dnieper e a legenda que acompanha o mapa refere que “Putin quiere partir Ucrania por el eje entre Kiev y Odesa”. O mapa sugere várias coisas aos não especialistas em geopolítica, como a partilha da Alemanha em 1945 ou a divisão da Checoslováquia em 1993. 
Quando a guerra na Ucrânia já vai no seu 13º dia, pouco sabemos sobre o que realmente se passa em termos operacionais e das perdas e ganhos de cada uma das partes, embora saibamos que há mais de dois milhões de refugiados e uma enorme destruição que está a ser provocada nas cidades. Todos já perceberam, tanto nos teatros da guerra como fora deles, que não haverá vencedores. Todos já perceberam que há muitos ucranianos que culturalmente querem ligar-se à Europa e muitos outros que querem ligar-se à Rússia. Todos já percebemos que as principais cidades estão a ser destruídas. O sofrimento do povo e a tragédia são indescritíveis. O cessar-fogo é absolutamente necessário, mas a paz e a concórdia entre os ucranianos não parece ser possível durante muitos anos.
Nessas condições tem muito interesse um artigo escrito em 2014 pelo antigo secretário de Estado americano Henry Kissinger no jornal The Washington Post com o título “To settle the Ukraine crisis, start at the end” (edição de 5 de março de 2014).
Desse artigo destaco as seguintes passagens:

- Com demasiada frequência, a questão ucraniana é apresentada como um confronto: se a Ucrânia se junta ao Oriente ou ao Ocidente. Mas para que a Ucrânia sobreviva e prospere, não deve ser o posto avançado de nenhum dos lados contra o outro – deve funcionar como uma ponte entre eles.

- O oeste é em grande parte católico; o leste em grande parte ortodoxo russo. O oeste fala ucraniano; o leste fala principalmente russo. Qualquer tentativa de uma ala da Ucrânia de dominar a outra – como tem sido o padrão – levaria eventualmente à guerra civil ou à ruptura

- Devemos buscar a reconciliação, não a dominação de uma facção.

- Internacionalmente, devem seguir uma postura comparável à da Finlândia. Essa nação não deixa dúvidas sobre sua feroz independência e coopera com o Ocidente na maioria dos campos, mas evita cuidadosamente a hostilidade institucional em relação à Rússia.

Kissinger dixit. Há muita gente a procurar o cessar-fogo e a paz: turcos, chineses e israelitas, bem como algumas personalidades internacionais com Macron na primeira fila. Talvez lhes seja útil lerem o texto de Kissinger que está disponível na internet.