sábado, 23 de fevereiro de 2013

Crise, recessão e desemprego na Europa

Segundo as previsões de Inverno da Comissão Europeia, os países da União Europeia deverão registar em 2013 um crescimento global de apenas 0,1%, enquanto na Zona Euro se verificará uma contracção do produto de 0,3%.
Haverá sete países em recessão em 2013: Grécia (4,4%), Chipre (3,5%), Eslovénia (2,0%), Portugal (1,9%), Espanha (1,4%), Itália (1,0%) e Holanda (0,6%), mas o produto também regredirá na Alemanha e na França, que deverão crescer apenas 0,5% e 0,1%, respectivamente. A Europa está, portanto, a viver uma situação de crise, recessão e desemprego, mas o novo grande problema é a Espanha, cujas previsões são aterradoras: o défice das contas públicas será de 6,7% em 2013 (o objectivo era 4,5%) e em 2014 atingirá 7,2% (o objectivo era 2,8%). Assim, a Comissão Europeia já prevê suavizar “consideravelmente o ritmo dos ajustamentos em Espanha”, face à gravidade da recessão e não descarta alargar até 2016 o prazo para que seja alcançado o objectivo de um défice de 3%. Também no capítulo do desemprego as previsões descrevem um cenário negro para Espanha, com a taxa a atingir os 26,9% em 2013, antes de cair, apenas ligeiramente, para os 26,6% em 2014.
Porém, a Espanha parece reagir e o governo de Mariano Rajoy aprovou 50 medidas para estimular o crescimento e a criação de emprego. Os nossos governantes bem podiam ler a edição de hoje do diário ABC. Está lá tudo. Porém, em vez de tomarem medidas, eles insistem no discurso da austeridade e no ataque aos trabalhadores e aos pensionistas, ao mesmo tempo que andam pelo país em acções de propaganda partidária, navegando contra o vento e, naturalmente, a ouvir o protesto popular. Se querem assim, que se aguentem!

Independentistas catalães não desistem

Oriol Junqueras é um político espanhol com 43 anos de idade, alcaide da cidade catalã de San Vicente dels Horts, eurodeputado e actual presidente da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), que defende um estatuto especial ou a independência daquela região autónoma espanhola. Junqueras é historiador e professor associado do Departamento de História Moderna e Contemporânea da Universidade Autónoma de Barcelona e, numa recente entrevista destacada na primeira página do diário El Mundo, declarou que “a Espanha vai perder a Catalunha, como perdeu Cuba, Portugal e Holanda”.
Não é habitual que as declarações dos políticos recorram às lições da História e, por isso, a entrevista é mais interessante, até porque inclui uma referência a Portugal. De facto, a entrevista invoca situações históricas dos séculos XVII (caso de Portugal e da Holanda)  e do século XIX (caso de Cuba), aparecendo numa altura em que, pela primeira vez, a ERC ultrapassa nas intenções directas de voto os nacionalistas de direita da Convergência e União (CiU) dirigidos por Artur Mas. Em 2014, haverá eleições ou um referendo e é possível o reforço do independentismo catalão através de uma coligação entre a ERC e a CiU, com um acordo eleitoral que tenha a independência como único ponto programático. Interrogado sobre o facto da União Europeia já ter declarado não aceitar a divisão de um Estado-membro, o cada vez mais provável líder dos independentistas catalães respondeu que se trata de simples declarações de ocasião e que, quando chegar o momento, não haverá problema.