quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Maduro e o fim de ciclo na Venezuela

A proclamação de Juan Guaidó, o jovem presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, que ontem enfrentou Nicolás Maduro e se declarou como presidente interino da República Bolivariana da Venezuela foi uma atitude apoiada sem reservas por diversas instâncias políticas internacionais, a começar pelos vizinhos Brasil e Colômbia, pelos Estados Unidos e por outros países. A imprensa internacional também tem alinhado na condenação do regime de Maduro e tem transmitido a ideia de que já está derrotado e, de facto, as enormes manifestações populares nas ruas das cidades venezuelanas acabarão por afastar Maduro do poder, embora o regime tenha aliados de peso internos e externos, como Cuba, a Rússia, a China e a Turquia. Portanto, se houve quem pressionasse Guaidó para avançar, também haverá quem pressione Maduro para não recuar. Assim, há dois presidentes na Venezuela!
É uma situação muito complexa para os venezuelanos, a juntar à crise económica e social, enquanto algumas ingerências externas, como as posições de Trump e Bolsonaro, se estão a revelar prematuras e só servem para extremar as posições. O anúncio de que os polícias se estão a juntar aos manifestantes, a ser verdadeira, desequilibra a situação nas ruas a favor de Guaidó e das forças democráticas, mas a dúvida ainda subsiste: como irão reagir as Forças Armadas? Será da sua reacção, unidas ou divididas, a favor ou contra Maduro, que a Venezuela sairá desta situação, embora desejavelmente se devam manter coesas e possam vir a arbitrar o conflito político e a pacificar o país.
Mais sensata parece ser a posição da União Europeia e das Nações Unidas que pedem contenção e diálogo, bem como a realização de eleições livres e justas, até porque sabem que há duas venezuelas radicalizadas que é preciso acalmar e unir, para evitar que se confrontem para além da normal luta política, porque isso seria trágico. O que não há dúvidas é que Maduro está de saída e que o ciclo do chavismo está a chegar ao fim.