No passado dia 30
de Janeiro, durante o seu Discurso sobre o Estado da União, Donald Trump
anunciou uma nova estratégia relativamente às armas nucleares e disse que
“devemos modernizar e reconstruir o nosso arsenal nuclear com a esperança de nunca termos de o usar, mas
fazendo-o tão forte e poderoso que impeça quaisquer actos de agressão. Talvez
um dia, no futuro, haja um momento mágico em que os países se juntem para
eliminar as suas armas nucleares mas, infelizmente, ainda não chegamos lá”.
A revista Time escolheu essa
questão como o tema central da sua última edição e ilustrou a sua capa com uma
fotografia de uma explosão nuclear durante um teste realizado em 1952 no Nevada
Proving Grounds, que está encerrado há muitos anos e que Donald Trump mandou agora
preparar para novos testes. O título escolhido pela revista foi “making America nuclear again”, mas o
principal artigo intitula-se “Donald
Trump Is Playing a Dangerous Game of Nuclear Poker”.
O discurso de
Trump de 30 de Janeiro não surpreendeu. Antes, o Donald já ameaçara a Coreia do Norte com um ataque de
“fogo e fúria como o mundo nunca viu” e, nos primeiros dias de Janeiro, depois
de Kim Jong-un ter dito que tinha um botão nuclear sempre na secretária, respondeu-lhe
que também tinha um botão nuclear muito maior e mais poderoso do que o dele e
que funcionava. De resto, a Administração de Trump já decidira o
desenvolvimento de uma nova ogiva nuclear táctica, tendo disponibilizado muitos
milhões de dólares para o efeito, com o argumento de que o arsenal nuclear
americano já tem 34 anos de idade e precisava de ser renovado.
Há actualmente nove países que têm capacidade nuclear
(Estados Unidos, Rússia, França, China, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e
Coreia do Norte), mas a nova doutrina Trump entende que só pode ser limitado o
perigo nuclear mundial se a América tiver “capacidade para aniquilar os seus
inimigos”. Porém, hoje o perigo nuclear é muito maior do que no tempo da Guerra
Fria. A Rússia e a China modernizaram o seu armamento nuclear e a Coreia do
Norte, o Paquistão, a Índia e Israel continuam a construir novos sistemas de
armas nucleares. Já não são apenas duas potências em competição. Ao contrário
das armas nucleares estratégicas que podem destruir cidades, as novas armas
nucleares tácticas poderão ser aplicadas cirurgicamente e com objectivos mais
limitados. Com a sua política, Trump está a gerar uma nova corrida às armas
nucleares e o mundo está muito mais perigoso.