quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

A estratégia nuclear de Donald Trump

No passado dia 30 de Janeiro, durante o seu Discurso sobre o Estado da União, Donald Trump anunciou uma nova estratégia relativamente às armas nucleares e disse que “devemos modernizar e reconstruir o nosso arsenal nuclear com a  esperança de nunca termos de o usar, mas fazendo-o tão forte e poderoso que impeça quaisquer actos de agressão. Talvez um dia, no futuro, haja um momento mágico em que os países se juntem para eliminar as suas armas nucleares mas, infelizmente, ainda não chegamos lá”.
A revista Time escolheu essa questão como o tema central da sua última edição e ilustrou a sua capa com uma fotografia de uma explosão nuclear durante um teste realizado em 1952 no Nevada Proving Grounds, que está encerrado há muitos anos e que Donald Trump mandou agora preparar para novos testes. O título escolhido pela revista foi “making America nuclear again”, mas o principal artigo intitula-se “Donald Trump Is Playing a Dangerous Game of Nuclear Poker”.
O discurso de Trump de 30 de Janeiro não surpreendeu. Antes, o Donald  já ameaçara a Coreia do Norte com um ataque de “fogo e fúria como o mundo nunca viu” e, nos primeiros dias de Janeiro, depois de Kim Jong-un ter dito que tinha um botão nuclear sempre na secretária, respondeu-lhe que também tinha um botão nuclear muito maior e mais poderoso do que o dele e que funcionava. De resto, a Administração de Trump já decidira o desenvolvimento de uma nova ogiva nuclear táctica, tendo disponibilizado muitos milhões de dólares para o efeito, com o argumento de que o arsenal nuclear americano já tem 34 anos de idade e precisava de ser renovado.
Há actualmente nove países que têm capacidade nuclear (Estados Unidos, Rússia, França, China, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte), mas a nova doutrina Trump entende que só pode ser limitado o perigo nuclear mundial se a América tiver “capacidade para aniquilar os seus inimigos”. Porém, hoje o perigo nuclear é muito maior do que no tempo da Guerra Fria. A Rússia e a China modernizaram o seu armamento nuclear e a Coreia do Norte, o Paquistão, a Índia e Israel continuam a construir novos sistemas de armas nucleares. Já não são apenas duas potências em competição. Ao contrário das armas nucleares estratégicas que podem destruir cidades, as novas armas nucleares tácticas poderão ser aplicadas cirurgicamente e com objectivos mais limitados. Com a sua política, Trump está a gerar uma nova corrida às armas nucleares e o mundo está muito mais perigoso.