sexta-feira, 20 de maio de 2022

A queda da Azovstal e o que se segue agora

As hostilidades na Ucrânia transformaram-se numa guerra por procuração ou num confronto entre a Rússia e os Estados Unidos. Apesar de sermos bombardeados diariamente com imagens, mapas, comentários e serviços dos enviados especiais, pouco sabemos sobre o que realmente se passa no terreno, parecendo que toda essa informação, falsa ou verdadeira, está ao serviço das estratégias de propaganda das partes em conflito. A mesma notícia e as mesmas imagens são repetidas em dias consecutivos e a maioria das informações difundidas pouco esclarecem, pois tendem a fazer-nos crer que se trata de uma guerra entre os que são bons e os que são maus. A somar a esta deformação das informações, acresce a narrativa dos “especialistas de relações internacionais” que aprenderam todos pela mesma cartilha e só mostram uma face da moeda.
Tudo isto a propósito do cerco russo à cidade de Mariupol e do recuo das forças ucranianas até ao reduto da Azovstal, uma das maiores instalações siderúrgicas da Europa, que possui túneis e bunkers capazes de resistir a um ataque nuclear. Elogiou-se a corajosa resistência das forças ucranianas. Desconhece-se se havia mercenários no local, mas havia muitos feridos no interior da Azovstal. Parece que intervieram mediadores. Alguma coisa se conseguiu mas não se sabe bem o quê.
O facto é que, devido a essas e outras circunstâncias, a partir do dia 16 de Maio “renderam-se 2.439 elementos do regimento Azov e das forças ucranianas”, mas hoje ter-se-ão rendido os últimos 531 combatentes que se encontravam no Azovstal. Aparentemente, tratou-se de uma rendição das forças ucranianas depois do seu comandante ter recebido ordens de Kiev para “salvar a vida dos seus soldados e parar de defender a cidade”. Após mais de um mês de cerco e de constantes bombardeamentos, a Rússia veio anunciar a “libertação total” da Azovstal, mas a Ucrânia recusou falar em rendição, embora assuma o fim da resistência em Mariupol.
Não se sabe o que aconteceu e, afinal, com tantos enviados especiais disseminados pela Ucrânia, ninguém nos esclarece, embora pareça que a Rússia obteve uma primeira vitória. Esta manhã o jornal Ouest France, pareceu adivinhar o que veio a acontecer durante o dia e pergunta: que destino para os soldados da Azovstal?