Ontem, os presidentes dos Estados Unidos
e da República Islâmica do Irão, respectivamente Barack Obama e Hasan Rohani,
tiveram uma conversa telefónica que durou 15 minutos e que muita imprensa destacou, como sucedeu com o diário nova-iorquino Newsday.
Desde a revolução
islâmica de 1979, isto é, desde há 34 anos, quando o xá Reza Pahlevi foi
derrubado e substituído pelo ayatollah Khomeini, que as relações entre os dois
países tinham sido cortadas. Nessa altura, a revolução iraniana hostilizou os
Estados Unidos pelo seu apoio ao regime do xá, assaltou a sua embaixada em
Teerão e fez 52 reféns. Foi uma humilhação para os americanos e uma operação
militar depois levada a efeito para os resgatar, veio a fracassar e apenas contribuíu
para acentuar a conflitualidade entre os dois países. A tensão entre eles nunca
mais se atenuou e a partir de 2005 agravou-se, quando foi eleito o presidente
Mahamoud Ahmadinejad. O discurso anti-ocidental endureceu, especialmente contra
Israel, tendo sido criado um programa de enriquecimento de urânio para produzir
secretamente armas nucleares. O Irão parecia desafiar os americanos e os
israelitas, que o passaram a considerar como uma ameaça à estabilidade e à paz
naquela região, pelo que muitos analistas vaticinaram um eminente ataque americano
ou israelo-americano às instalações estratégicas iranianas.
Porém, desde que no
dia 3 de Agosto tomou posse o novo presidente Hasan Rohani, que tudo parece
estar a mudar nas relações entre os Estados Unidos e o Irão. Não é importante
saber de quem partiu a iniciativa, mas o telefonema que os dois presidentes
ontem fizeram poderá vir a ser um dos mais importantes da História, se
constituir um primeiro passo para o apaziguamento naquela tão sensível região
do mundo. E talvez se evitem os erros cometidos no Iraque, na Líbia, na Síria...