No passado
fim-de-semana, num discurso dirigido à nação, o primeiro-ministro britânico
Boris Johnson anunciou o aparecimento de uma variante do novo coronavírus no
Reino Unido e o mundo, que celebrava o aparecimento da vacina, voltou a tremer.
O Reino Unido entrou em quarentena para se proteger da nova ameaça, enquanto
várias dezenas de países, entre os quais a França, cancelaram as suas ligações
aéreas, marítimas e rodoviárias com o Reino Unido para evitar contágios. As rotas
comerciais entre a França e o Reino Unido são as mais importantes da Europa e
foram naturalmente afectadas por estas repentinas restrições. Muitas centenas
de camiões ficaram bloqueados em Dover sem poder sair para França e outros
tantos estão em Calais sem poder entrar na Grã-Bretanha, numa altura de grande
movimento não só por ser a quadra natalícia, mas também porque os comerciantes
ingleses quiseram refazer os seus stocks
por desconhecerem o que o futuro lhes reserva, isto é, a pandemia veio mostrar
aos britânicos que o Brexit parece ter sido um erro grave.
O Brexit
concretizou-se no dia 31 de Janeiro de 2020 e o Reino Unido deixou de pertencer
à União Europeia, tendo sido feito um acordo de saída transitório que termina
no dia 31 de Dezembro de 2020. Falta uma semana, mas os negociadores não se
entendem quanto ao futuro das relações, nomeadamente no aspecto comercial e na
mobilidade dos cidadãos, pelo que ninguém sabe o que vai acontecer a partir de
1 de Janeiro de 2021. Nesta situação,
os britânicos temem vir a sofrer escassez de alimentos, sobretudo de frutas e de
vegetais, ao mesmo tempo que começam a ver as prateleiras dos supermercados
vazias. As fotografias que ilustram as capas dos jornais, bem como as imagens
televisivas, com muitas centenas de camiões retidos nas fronteiras, mostram bem
a crise por que está a passar o Reino Unido.