O jornal L’Osservatore
Romano, que se publica no Vaticano e que, embora independente, costuma
veicular os pontos de vista da Santa Sé, numa das suas mais recentes edições e
a propósito da visita do papa Francisco ao Sudão do Sul, um país devastado pela
violência e pela miséria, escreveu em manchete:
Basta guerra
È l’ora della pace
Essas frases que
serviram de manchete ao mencionado jornal inspiraram-se no apelo feito pelo papa Francisco
na capital do país visitado, para a deposição das armas e para a reconciliação
nacional. Ao escolher aquela manchete, o jornal também pensou na paz desejável
para os diversos conflitos que estão a abalar o mundo, sobretudo a guerra na
Ucrânia.
Ontem, também António
Guterres discursou em Nova Iorque perante a Assembleia-Geral das Nações Unidas para
apresentar as suas prioridades para 2023 e abordou as diversas crises que
assolam o mundo, como as guerras e os conflitos, a fome e a pobreza, as alterações
climáticas e o desrespeito por minorias, pela diversidade e por direitos civis.
Partindo da invasão russa da Ucrânia e das suas “profundas implicações globais”,
Guterres alertou para a degradação das perspectivas de paz, considerando que “continuam
a diminuir”, enquanto as probabilidades de uma maior escalada e perda de vidas “continuam
a aumentar”. As notícias que diariamente nos chegam vão no mesmo sentido, isto
é, aumentam os sinais da escalada bélica e o agravamento da luta no terreno, bem
como os riscos de uma confrontação mais alargada. "Os deuses devem
estar loucos" e há que fazer alguma coisa para parar com a tragédia ucraniana. As
condições são difíceis e as partes estão radicalizadas, mas o alívio no sofrimento
do povo justifica que sejam dados passos ousados para parar com a guerra e não faltam
mediadores, a começar em António Guterres.
Curioso é o facto
de tanto Zelensky como Putin terem oferecido ajuda às vítimas do sismo que
atingiu a Turquia, a mostrar que há coisas em que ambos estão de acordo... e não serão só estas.