Tem sido uma canseira! Já não nos
bastava o calor tórrido que suportamos e ainda temos que aguentar este
descontrolo comunicacional de ver e ouvir o Supremo Magistrado da Nação a toda
a hora, quase sempre a dizer banalidades. A praia de Monte Gordo e o veto ao
chamado programa da habitação foram uma espécie de estágio, tantas foram as
suas aparições televisivas, mas o melhor estava para vir com a visita feita a
Varsóvia e Kiev, para onde se deslocou com uma muito numerosa e injustificada
comitiva de jornalistas, para que registassem o seu habitual exercício de
narcisismo presidencial.
A visita a Kiev de qualquer líder
político é importante, desde que leve consigo qualquer contributo para uma boa
solução do actual conflito e o presidente Marcelo Rebelo de Sousa podia ter
tido esse papel histórico de mostrar solidariedade para com o povo ucraniano,
mas também de mostrar que a paz é necessária e tem que ser procurada. Podia ter
estado em linha com o Papa Francisco e com António Guterres, mas esteve alinhado
com Jens Stoltenberg e os seus falcões. Numa altura em que há muitos silêncios
- quem sabe se a denunciar que já se procuram soluções diplomáticas para o
conflito na Ucrânia – o presidente MRS optou pelo mais fácil e fez um discurso
de conveniência, apoiando a continuação da guerra como Zelensky e a indústria
do armamento desejam, quando se esperaria que cumprisse a Constituição
Portuguesa que, no seu artigo 7º, afirma que nas relações internacionais
Portugal se rege pelo princípio “da solução pacífica dos conflitos
internacionais”.
Não foi isso que fez e como hoje escrevia um jornal de
Lisboa, “Marcelo foi ver a guerra”. Esperava-se mais.