terça-feira, 13 de março de 2012

A cartografia náutica em exposição

O Museu de Marinha inaugurou no passado dia 8 de Março uma sugestiva exposição intitulada “A cartografia náutica – séculos XVI a XIX”.
A exposição integra-se nas comemorações dos quinhentos anos do nascimento de Gerard Mercator, o famoso cartógrafo flamengo que idealizou e desenvolveu matematicamente uma projecção cilíndrica do globo terrestre, isto é, a representação da superfície esférica da Terra num plano, o que constituiu uma verdadeira revolução da cartografia na segunda metade do século XVI.
Nela, os meridianos e os paralelos são representados por segmentos de recta perpendiculares, mas enquanto os meridianos são equidistantes entre si, os paralelos estão cada vez mais afastados uns dos outros à medida que aumenta a latitude. Essa geometria faz com que a superfície da Terra seja deformada na direcção leste-oeste, tanto mais quanto maior for a latitude. As linhas que fazem um ângulo constante com os meridianos (as loxodrómias), permitem que os rumos e os azimutes sejam medidos ou marcados directa e facilmente na carta de navegação. Assim, a projecção de Mercator é particularmente apropriada para apoiar a navegação marítima.
O principal objectivo da exposição é a mostra do importante acervo cartográfico do Museu de Marinha e da Biblioteca Central da Marinha, para além de nos permitir compreender a evolução da cartografia náutica desde que a projecção de Mercator foi adoptada.
A excelente e didáctica exposição pode ser visitada até ao dia 6 de Abril, todos os dias úteis, excepto às segundas-feiras, das 10.00 às 17.00 horas.
Muito recomendável.

O mundo está em mudança

O mundo está em mudança e os sinais dessa mudança chegam-nos de toda a parte nas mais diversas formas, algumas delas bem inesperadas. Assim acontece com o a primeira página do diário DNA – Daily News & Analysis que se publica em Mumbai (ex-Bombaim) ao destacar uma notícia e um anúncio.
A notícia refere que, no passado dia 11 de Março, o jornal organizou uma meia-maratona exclusivamente feminina que associou a três causas sociais: a luta contra o cancro, a educação das crianças do sexo feminino e a segurança das mulheres em público. Foi a primeira vez que aconteceu este tipo de iniciativa que, sendo habitual no Ocidente não acontecia na União Indiana, onde a prática desportiva se reduz praticamente ao cricket e é estranha às mulheres, quem nem sequer vão à praia.
A União Indiana é uma federação de 28 Estados onde cohabitam línguas, religiões, castas, etnias e culturas muito distintas. Nessa sociedade muito heterógenea há alguns realidades que são transversais a toda a sociedade e uma delas é o estatuto social das mulheres, que tanto ocupam a Presidência da República e lideram o maior partido nacional, como são vítimas de grande apartheid social. Por isso, a DNA/Can Women’s Half-Marathon foi um acontecimento surpreendente, pois teve a participação de 2500 mulheres e juntou castas e religiões, jovens e menos jovens, ricas e pobres e muitas figuras de Bollywood. Enquanto umas percorreram os 5 Km Fun Run e outras fizeram os 10 Km Spirit Run, muitas outras correram os 21 km da meia maratona. Foi uma novidade a mostrar que até na conservadora Índia as práticas culturais estão em mudança.
Porém, a primeira página do jornal também mostra um enorme e dispendioso anúncio da Renault. Depois de recentemente terem conseguido vender 126 aviões de combate Rafale à Força Aérea Indiana, os franceses entraram num mercado que lhes era estranho e começaram a vender os automóveis Renault à classe média indiana.
O mundo está realmente em mudança.