As imagens que
nos chegam pelas televisões e as fotografias que ilustram as primeiras páginas
dos jornais são aterradoras e têm feito despertar a Europa que, desde há muito
tempo, vinha revelando alguma indiferença perante a tragédia humanitária que a
guerra na Síria e no Iraque está a provocar. Este “long walk to freedom” como
ontem se lhe referiu o diário The Scotman, é uma das consequências
de uma guerra, brutal com todas as guerras, que ocorre na Síria há quase cinco
anos, na qual alguns Estados europeus, designadamente o Reino Unido, a Alemanha
e a França, têm apoiado uma das partes do conflito com armamento e dinheiro, em
vez de procurarem a paz, sem que as suas opiniões públicas questionem os
respectivos governos sobre essa sua cegueira política e ausência de visão estratégica.
Tal como já
acontecera no Iraque e na Líbia, a política europeia em relação à Síria, tem contribuido
para a desagregação e a destruição do país e dado origem a uma tragédia
humanitária com milhões de refugiados, não só internamente, mas também nos
estados vizinhos e, agora, em direcção à Europa. A guerra civil que se trava
entre o governo de Bashar al-Assad e as várias oposições tem sido cada vez mais
“uma guerra por procuração”, em que se confrontam rivalidades religiosas e
interesses económicos, representados de um lado pela Turquia, a Arábia Saudita
e o Qatar e, do outro lado, pelo Irão, o Líbano e uma parte do Iraque.
Igualmente envolvidos nessa guerra, estão os Estados Unidos, a Rússia e os
países europeus já referidos, enquanto a posição que o Estado Islâmico atingiu
na região é relevante, embora com alguma cumplicidade ocidental, porque o
negócio do armamento é vital para as suas economias.
É preciso que
toda esta gente se entenda para acabar com a guerra e que os povos da Europa e dos Estados Unidos se manifeste e exija esse caminho aos seus governos!
Um refugiado
sírio de 13 anos de idade que chegou à Europa foi entrevistado pela Al Jazeera e,
sem hesitação, disse: "Nós não queremos vir para
a Europa. Só queremos que parem a guerra na Síria". Ele tem toda a razão.