segunda-feira, 29 de abril de 2019

O voto da Espanha e a incerteza do futuro

As eleições legislativas espanholas realizaram-se ontem e tiveram uma participação de quase 76%, a demonstrar o enorme interesse que despertaram. A vitória sorriu ao PSOE de Pedro Sánchez (28,8%), que quebrou um ciclo de onze anos a perder eleições legislativas e viu a sua representação parlamentar passar de 85 para 123 deputados, enquanto o grande derrotado foi o PP de Pablo Casado que passou de 137 para 66 deputados. Apesar deste resultado, o PSOE não tem maioria para governar e vai ter que negociar com os outros partidos.
Parece que se desenham duas hipóteses de coligação, que necessita de 176 deputados para se constituir como uma maioria estável: a primeira seria uma coligação entre o PSOE (123 deputados) com os Ciudadanos de Alberto Rivera (57 deputados), o que daria uma maioria de 180 deputados; a segunda hipotese seria uma coligação do PSOE com os Unidos Podemos de Pablo Iglésias (42 deputados), o que daria um total de 165 deputados. Esse número seria insuficiente para se afirmar como uma maioria e, nesse caso, o PSOE precisaria do apoio adicional de mais 11 dos 38 deputados que representam os oito menores partidos. Os analistas ainda não descartaram totalmente a possibilidade de uma eventual coligação pós-eleitoral entre o PSOE e o Ciudadanos, apesar dos dois partidos terem, antes das eleições, repetido que não se iriam aliar, preferindo associar-se a movimentos dentro do seu próprio bloco político, um de esquerda e o outro de direita.
A Espanha está politicamente fragmentada e o seu futuro é incerto e, como novidade, houve o aparecimento do Vox que representa a extrema-direita franquista que conseguiu 24 deputados.
Agora resta-nos esperar que Pedro Sánchez tenha êxito na formação de uma maioria que garanta a estabilidade da Espanha, o que será muito bom para Portugal.