A corrente edição
da revista The Economist trata de um tema novo a que chama pandemic geopolitics e pergunta se a
China está a vencer, deixando no ar a ideia que, nas actuais circunstâncias
sanitárias e económicas e no contexto da luta pela hegemonia mundial, a China
está a dar mais um passo em frente e que os Estados Unidos estão a dar um passo
atrás.
Os dados
objectivos mais recentes são perturbadores. Ontem, a Universidade Johns Hopkins
de Baltimore anunciou que os Estados Unidos “registaram 4.491 mortos nas últimas 24 horas” devido à covid-19, o que elevou para cerca de 33
mil o total de vítimas. No dia anterior, o jornal USA Today tinha recordado o número de americanos mortos no ataque a
Pearl Harbor de Dezembro de 1941 (2235), no ataque às Torres Gémeas de 11 de
Setembro de 2001 (2977) e na passagem do furacão Katrina em 2017 (1836), para
evidenciar a catastrófica dimensão da pandemia que está a arrasar o país, ao
mesmo tempo que se anunciam 22 milhões de desempregados apenas num mês.
Muitas análises têm sido feitas sobre este confronto pela
hegemonia do mundo, sobretudo desde que Donald Trump chegou à Casa Branca e
quis a “America first” e a “America great again”, fazendo uma ousada aposta nas
suas capacidades militares, com a abertura de frentes de guerra em inúmeros países.
Numa recente entrevista à Newsweek, o
ex-presidente Jimmy Carter disse que “os Estados Unidos são a nação mais
guerreira da história do mundo” e que desperdiça milhares de milhões de dólares
em despesas militares para submeter os países que se querem afastar da sua hegemonia,
enquanto a China “não desperdiçou um centavo em guerras” e é por isso “que nos
ultrapassa em quase todas as áreas”. Os Estados Unidos gastam cerca de 3,3% do
seu PIB em despesas militares, enquanto a China só gasta 1,9%, mas em termos
absolutos os Estados Unidos gastam quase quatro vezes mais do que a China.
Recorrendo à velha máxima de Paul Samuelson sobre a opção entre canhões e
manteiga, a crise do covid-19 veio
mostrar que a China de Xi Jinping escolheu a manteiga e que os Estados Unidos
de Donald Trump escolheram os canhões.
Hoje, nenhum dos quatro antigos presidentes dos Estados Unidos - Obama, Bush, Clinton e Carter - apoia o empresário que conduz os destinos dos Estados Unidos.
Hoje, nenhum dos quatro antigos presidentes dos Estados Unidos - Obama, Bush, Clinton e Carter - apoia o empresário que conduz os destinos dos Estados Unidos.