As notícias dos
últimos dias são demasiado tristes e deixam-nos incrédulos. Desde há demasiado tempo que se via que o nosso regime
estava doente e se sabia que não era dirigido pelos melhores, mas pelos mais
afoitos e mais atrevidos. A crise que nos tem afectado desde 2008 acentuou os
sintomas dessa doença e deixou a descoberto coisas que não imaginávamos. Pouco
a pouco, tudo vamos perdendo. Perdemos muitos direitos em nome do equilíbrio
financeiro, perdemos as grandes empresas, perdemos o bom nome e, de degrau em degrau, até a dignidade nacional quase está perdida, sem que haja uma estratégia nacional
para a regeneração do país. Perdemos a confiança nos políticos e nas suas
intervenções manipuladoras. Perdemos a confiança nas instituições. Não reagimos.
Tudo aceitamos com um conformismo quase absoluto. Como se costuma dizer, o país parece estar sem rumo.
Nas últimas
semanas acentuaram-se os sinais de esgotamento do nosso modelo de sociedade com
a persistência da crise, a incerteza quanto ao futuro, a falência do BES ou do GES, a perda da PT, a
anunciada venda da TAP, o caso dos vistos dourados, a demissão de um bom ministro e, agora, a detenção de um
ex-primeiro ministro. São demasiados casos. Parece um naufrágio ou um terramoto. Neste conjunto de muitos casos e peripécias, há suspeitas muito graves para a Justiça apreciar, mas tem havido verdadeiros
julgamentos mediáticos antecipados e, em vez da presunção de inocência, tem imperado a presunção de culpabilidade em nome do
sensacionalismo. Isso também é muito grave. Neste quadro, é difícil encontrar sinais mais tristes e mais angustiantes para
definir a realidade que atravessamos. Independentemente da verdade ou da
mentira e da absolvição ou da condenação de toda esta gente, são casos de enorme gravidade a alertar para a decadência da nossa sociedade e para
a perda dos valores que deveriam nortear o interesse nacional e o bem comum da
nossa comunidade. O país está gravemente doente. Dizem que a Justiça está a
funcionar. Não sei...
Apenas sei que, como diz a canção nacional: Tudo isto existe. Tudo isto é triste. Tudo isto é fado.
Apenas sei que, como diz a canção nacional: Tudo isto existe. Tudo isto é triste. Tudo isto é fado.