O Papa Francisco
leu ontem a sua mensagem de Natal e deu a sua tradicional benção urbi et orbi de uma varanda da Basílica
de São Pedro, em Roma, destacando a guerra na Ucrânia como um dos temas que decidiu
abordar.
Depois de se
referir aos “irmãos e irmãs ucranianos que vivem este Natal na escuridão, ao
frio ou longe das suas casas, devido à destruição causada por dez meses de
guerra”, o Papa Francisco pediu a Deus “que ilumine as mentes de quantos têm o
poder de fazer calar as armas e pôr termo imediato a esta guerra insensata”, acrescentando
que “infelizmente, prefere-se ouvir outras razões, ditadas pelas lógicas do
mundo”. Estranhamente, numa busca pelos principais jornais ocidentais,
constata-se que a mensagem do Papa não mereceu qualquer destaque e que só o jornal
Gulf
News, publicado a partir do Dubai, nos Emirados árabes Unidos, destaca
o apelo do Papa para acabar com o conflito, com uma notícia de primeira página
a quatro colunas. Chega a parecer que a voz e a vontade do Papa não suscitam o
apoio da imprensa internacional nem dos interesses que a comandam, ou que
prevalece a lógica de derrotar militarmente o adversário. Porém, quem sofre é o
povo ucraniano e é nesse enorme sofrimento que as duas partes em confronto
deviam pensar, mas a informação dominante que recebemos é sobre mísseis,
drones, artilharia e outras coisas letais.
A ansiedade pelo
fim da guerra está a aumentar. Hoje, também o Le Journal du Dimanche pergunta “jusqu’où doit-on soutenir l’Ukraine” e divulga uma sondagem recente do
Ifop (Institut Français d’Opinion
Publique) que revela que 70% dos franceses defendem que se chegue a uma solução
negociada entre a Ucrânia e a Rússia. Porém esta sondagem não foi publicada
pela imprensa de referência francesa.