segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

A mensagem do Papa e a paz na Ucrânia

O Papa Francisco leu ontem a sua mensagem de Natal e deu a sua tradicional benção urbi et orbi de uma varanda da Basílica de São Pedro, em Roma, destacando a guerra na Ucrânia como um dos temas que decidiu abordar.
Depois de se referir aos “irmãos e irmãs ucranianos que vivem este Natal na escuridão, ao frio ou longe das suas casas, devido à destruição causada por dez meses de guerra”, o Papa Francisco pediu a Deus “que ilumine as mentes de quantos têm o poder de fazer calar as armas e pôr termo imediato a esta guerra insensata”, acrescentando que “infelizmente, prefere-se ouvir outras razões, ditadas pelas lógicas do mundo”. Estranhamente, numa busca pelos principais jornais ocidentais, constata-se que a mensagem do Papa não mereceu qualquer destaque e que só o jornal Gulf News, publicado a partir do Dubai, nos Emirados árabes Unidos, destaca o apelo do Papa para acabar com o conflito, com uma notícia de primeira página a quatro colunas. Chega a parecer que a voz e a vontade do Papa não suscitam o apoio da imprensa internacional nem dos interesses que a comandam, ou que prevalece a lógica de derrotar militarmente o adversário. Porém, quem sofre é o povo ucraniano e é nesse enorme sofrimento que as duas partes em confronto deviam pensar, mas a informação dominante que recebemos é sobre mísseis, drones, artilharia e outras coisas letais.
A ansiedade pelo fim da guerra está a aumentar. Hoje, também o Le Journal du Dimanche pergunta “jusqu’où doit-on soutenir l’Ukraine” e divulga uma sondagem recente do Ifop (Institut Français d’Opinion Publique) que revela que 70% dos franceses defendem que se chegue a uma solução negociada entre a Ucrânia e a Rússia. Porém esta sondagem não foi publicada pela imprensa de referência francesa.

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