domingo, 2 de abril de 2017

Que viva o Guernica e que viva Picasso

Uma grande exposição organizada em Madrid pelo Museu Reina Sofia vai celebrar o pintor Pablo Picasso, desde o próximo dia 4 de Abril até ao dia 4 de Setembro, a propósito do 80.º aniversário da criação de Guernica, o símbolo universal da crueldade da guerra e o mais famoso quadro do pintor. Hoje, o diário ABC dedica uma extensa e muito interessante reportagem ao famoso quadro.
Em 1937, em plena Guerra Civil, o governo republicano espanhol encomendou um mural a Picasso para figurar no pavilhão espanhol da Exposição Internacional de Paris de 1937. O tempo correu sem que Picasso executasse a encomenda, até que no dia 26 de Abril de 1937 os aviões da Legião Condor hitleriana bombardearam com grande violência a cidade basca de Guernica. Esse trágico acontecimento inspirou Picasso que em 33 dias realizou o trabalho com 3,51 por 7,82 metros e que foi montado no pavilhão espanhol no dia 4 de Junho. O êxito foi enorme e todos queriam ver a obra de Picasso. Quando a exposição de Paris terminou, o mural começou a circular: Noruega, Suécia, Dinamarca e Londres. Depois Estados Unidos e uma longa itinerância por Nova Iorque, Los Angeles, S. Francisco e Chicago. O Guernica regressou à Europa e foi exposto em Milão, depois foi até São Paulo e voltou de novo à Europa para ser visto na Alemanha, na Bélgica, na Holanda e na Dinamarca. Em finais dos anos 50 regressou aos Estados Unidos e Picasso declara então que o mural deveria ser devolvido ao povo espanhol quando as liberdades públicas fossem restauradas em Espanha.
Depois de muitas negociações o Guernica viajou para Espanha pela primeira vez em 1981 e em 1992 foi depositado no Museu Reina Sofia, onde agora se celebra também o 25º aniversário da sua chegada.
O símbolo universal dos horrores da guerra viajou muito, atravessou várias vezes o Atlântico e percorreu muitos milhares de quilómetros. De grandes dimensões e enrolado, sofreu muito com transportes e foi afectado por temperaturas e luminosidades. Guernica precisa de restauro e, apesar da complexidade dessa operação, parece que isso vai ser feito agora com o apoio técnico dos maiores especialistas mundiais..

É preciso muito mais ética na advocacia

A revista advocatus inclui na sua última edição uma entrevista com Guilherme Figueiredo, o novo Bastonário da Ordem dos Advogados, destacando uma afirmação na primeira página em que diz que “a advocacia tem de ser uma profissão exclusiva”. É óbvio que toda a gente que gosta de viver numa sociedade equilibrada e democrática concorda com esta afirmação: a advocacia é uma actividade que deve ser exercida em exclusividade. Não é a única, porque há outras actividades assim no nosso país.
Há que esperar, portanto, que o Bastonário seja coerente e seja consequente com o princípio que ele próprio enunciou, para bem de todos nós. Assim, espera-se que o Bastonário denuncie a promiscuidade e o conflito de interesses que se vive na Assembleia da República e proponha medidas legislativas para acabar com aquilo que Paulo Morais disse ser um antro de corrupção, talvez o maior do país, onde se fazem muitos negócios.
Depois é preciso acabar com a cena quotidiana de ver sócios de poderosos escritórios de advogados que defendem sempre os interesses dos seus clientes, mas que intervêm como supostos comentadores televisivos independentes e levam o público a comer gato por lebre. Apenas alguns nomes e respectivos registos: José Miguel Júdice (PLMJ/RTP), António Lobo Xavier (MLGTS/SIC), Luís Marques Mendes (Abreu Advogados/SIC), Nuno Morais Sarmento (PLMJ/TVI), António Vitorino (Cuatrecasas/SIC), Luís Nobre Guedes (NGMS/RTP), José Eduardo Martins (Abreu Advogados/RTP) e outros famosos advogados que aparecem mais ou menos regularmente.
Este tipo de personagens com o carimbo dos grandes escritórios de advogados, também são useiros e vezeiros em ter lugares nos governos, sucedendo-se notícias - verdadeiras ou falsas - de que fazem contratos por ajuste directo para favorecer amigos políticos e contratam assessorias jurídicas pagas principescamente, já para não falar de isenções ou perdões fiscais. Ora, é preciso muito mais ética na profissão de advogado, porque não vale tudo.