A
revista advocatus inclui na sua última edição uma entrevista com
Guilherme Figueiredo, o novo Bastonário da Ordem dos Advogados, destacando uma
afirmação na primeira página em que diz que “a advocacia tem de ser uma
profissão exclusiva”. É óbvio que toda a gente que gosta de viver numa
sociedade equilibrada e democrática concorda com esta afirmação: a advocacia é
uma actividade que deve ser exercida em exclusividade. Não é a única, porque há
outras actividades assim no nosso país.
Há que
esperar, portanto, que o Bastonário seja coerente e seja consequente com o
princípio que ele próprio enunciou, para bem de todos nós. Assim, espera-se que
o Bastonário denuncie a promiscuidade e o conflito de interesses que se vive na
Assembleia da República e proponha medidas legislativas para acabar com aquilo que
Paulo Morais disse ser um antro de corrupção, talvez o maior do país, onde se
fazem muitos negócios.
Depois
é preciso acabar com a cena quotidiana de ver sócios de poderosos escritórios
de advogados que defendem sempre os interesses dos seus clientes, mas que
intervêm como supostos comentadores televisivos independentes e levam o público
a comer gato por lebre. Apenas alguns nomes e respectivos registos: José Miguel
Júdice (PLMJ/RTP), António Lobo Xavier (MLGTS/SIC), Luís Marques Mendes (Abreu
Advogados/SIC), Nuno Morais Sarmento (PLMJ/TVI), António Vitorino
(Cuatrecasas/SIC), Luís Nobre Guedes (NGMS/RTP), José Eduardo Martins (Abreu Advogados/RTP)
e outros famosos advogados que aparecem mais ou menos regularmente.
Este tipo de personagens com o carimbo dos grandes escritórios de advogados, também são useiros e vezeiros em ter lugares nos governos, sucedendo-se notícias - verdadeiras ou falsas - de que fazem contratos por ajuste directo para favorecer amigos políticos e contratam assessorias jurídicas pagas principescamente, já para não falar de isenções ou perdões fiscais. Ora, é preciso muito mais ética na profissão de advogado, porque não vale tudo.
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