Eu
devo estar a ficar ultrapassado pelo tempo e, por isso, não consigo compreender
como é possível dar o nome de um futebolista a um aeroporto internacional,
apesar de se tratar de um grande atleta que mete muitos golos, de ser um homem
que parece apoiar boas causas, de ter um grande sucesso internacional e ser o
português mais conhecido no mundo. Tudo isso é verdade e eu reconheço essa
realidade. Porém, dar o nome de Cristiano Ronaldo ao aeroporto da Madeira ultrapassa
a minha compreensão, apesar de verificar que o Presidente da República e o
Primeiro-Ministro não faltaram à festa, certamente porque na luta pela
popularidade parece valer tudo.
Cristiano
Ronaldo tem feito muito pelo nosso país e nunca esquece a terra onde nasceu.
Devemos ser-lhe grato por isso, mas também pelos golos que marca pela selecção nacional
e que tanta alegria dão ao povo. No entanto, Cristiano Ronaldo é muito jovem,
ainda está activo na sua carreira futebolística e o seu futuro, como o de todos
nós, é sempre incerto. E há coisas que, por uma questão de bom senso, não se
fazem. E se o homem decide ir viver para a América e naturalizar-se americano?
E se o homem perde a cabeça e arranja um qualquer esquema de vida complicado?
Se a
moda pega, não demorará que Setúbal também queira um aeroporto e o baptize com
o nome de José Mourinho ou, mais modestamente, que Manuel Luís Goucha exija uma
estátua nas Avenidas Novas ou João Baião um pelourinho na Buraca.
Até o
jornal desportivo espanhol as levou este acontecimento a sério
e tratou de lhe dedicar toda a sua primeira página, como nenhum jornal português fez. Mas, se calhar estou isolado nesta minha opinião...
Parece-me que não estás sózinho!
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