Estamos a
atravessar um período em que a crispação política nacional está a aumentar pela
conjugação do cansaço de quem governa e de quem espera vir a governar, mas
também dos efeitos acumulados da pandemia e, naturalmente, pela aproximação das
eleições autárquicas. Tudo está a servir para que muitos políticos apareçam nas
televisões a marcar espaços e a mostrar que existem, muitas vezes ultrapassando
as regras do bom senso e tornando-se demasiado ridículos.
Começa a ser
insuportável ver e ouvir esta gente que tudo critica e tudo reivindica,
esquecendo-se que as necessidades são ilimitadas, mas que os recursos são
escassos.
No meio deste
clima de crispação, vão aparecendo os resultados de alguns atletas que mercê do
seu trabalho e da sua dedicação se destacam no panorama internacional, em
diversas modalidades desportivas. Assim aconteceu ontem com Jorge Fonseca que
conquistou a segunda medalha de ouro da sua carreira e se tornou bicampeão mundial
de judo na categoria de menos de cem quilos, depois de vencer cinco combates e
todos por ippon. Não é habitual que
os atletas portugueses consigam estes resultados e, por isso, a nossa
satisfação tem que aqui ficar expressa. Curiosamente, o jornal A Bola
homenageou Jorge Fonseca com grande e merecido destaque de primeira página,
embora tivesse escolhido a palavra Monstruoso
que não é feliz, pois significa extraordinário, mas também pode significar
horroroso. Já o jornal O Jogo escolheu o título show Jorge que “ganhou cinco combates em
nove minutos e meio”. Porém houve jornais, como o Público, que nem sequer
falaram de Jorge Fonseca na primeira página, preferindo escolher banalidades
como aliás fazem demasiadas vezes.