Os portugueses
têm andado desde há três anos a ouvir repetidos discursos sobre as necessidades
e as virtudes de um ajustamento que deveria corrigir o despesismo e os erros da
má governação do passado, mas também o discurso laudatório da acção da troika, do programa bem sucedido e da
saída limpa.
Tudo foi feito para combater aqueles que se dizia estarem a viver “acima das suas possibilidades”, aumentando-lhe os impostos e reduzindo-lhe os salários e as pensões. Os efeitos do regime de austeridade que o governo quis que fosse “para além da troika” estão a ser devastadores e, para a maioria da população, aumentou a pobreza e a desigualdade, enquanto “os ricos estão cada vez mais ricos”.
Tudo foi feito para combater aqueles que se dizia estarem a viver “acima das suas possibilidades”, aumentando-lhe os impostos e reduzindo-lhe os salários e as pensões. Os efeitos do regime de austeridade que o governo quis que fosse “para além da troika” estão a ser devastadores e, para a maioria da população, aumentou a pobreza e a desigualdade, enquanto “os ricos estão cada vez mais ricos”.
Porém, as
notícias dos últimos dias a respeito do Grupo Espírito Santo deixaram-nos
perplexos. Era gente séria, competente, profissional e sem ponta de pecado. Enriqueceram
por mérito. Afinal, sabemos agora que eles é que viveram “acima das suas
possibilidades”, muito encostados ao Estado e aos seus negócios, gozando de favores, acumulando prejuízos de vários
milhares de milhões de euros e utilizando dinheiros para créditos que não
controlam. A gravidade da situação que irresponsavelmente criaram, alarmou
o mundo financeiro e a imprensa financeira mundial colocou Portugal nas suas
primeiras páginas por muito más razões.
Ninguém suspeitou
daquele respeitável grupo e a regulação esteve, mais uma vez, desatenta. É
sabido que nos círculos do poder, onde os políticos e a finança vivem em
promiscuidade, tudo continuou na mesma – a mesma gente, a mesma ganância, as
mesmas habilidades e as mesmas práticas fraudulentas, em nome da confiança
entre amigos que trocam favores e alternam cargos. Ninguém reparou neste novo
caso BPN e ninguém aprendeu as lições da crise do sistema financeiro global e dos
desmandos da generalidade dos seus gestores que, por todo o lado, se revelam
são gente sem escrúpulos e com enorme avidez pela acumulação rápida de fortuna
a qualquer preço. Está muito dinheiro a
voar e por mais discurso de confiança que se produza, já ninguém está
sossegado. Até aquele que nos governa veio dizer que "os depositantes têm razões para ter toda a confiança quanto à
segurança que o Banco Espirito Santo oferece às suas poupanças”. Haverá alguém
que, depois de tanta mentira desse governante, confie nesta declaração?