Os portugueses
gostam da França, apesar das invasões napoleónicas de 1808-1811, mas há que
reconhecer que os franceses são demasiado chauvinistas e que, para eles, la France está sempre acima de todas as
coisas. Por isso, os sucessos aeronáuticos da Airbus SE, até porque comparam com a
sua rival americana Boeing, estão sempre a ser anunciados pela imprensa
francesa.
Ontem, o jornal La
Dépêche du Midi que se publica em Toulouse, a cidade onde se localizam
as principais fábricas da Airbus SE e as linhas de montagem finais dos aviões
A320, A330, A350 e A380, noticiou que quatro companhias aéreas chinesas tinham
encomendado 292 aviões A320neo por 37 mil milhões de dólares e classificou este
contrato como “la commande du siècle”, ou “le contrat du siècle”. A mesma
notícia indica que nos primeiros cinco meses do corrente ano a Airbus já
produziu 237 aviões, o que corresponde a uma produção média mensal de cerca de
50 unidades. A notícia é deveras curiosa, pois os “contrat du siècle” são
frequentemente anunciados pela imprensa francesa, como verificamos numa breve
pesquisa feita na internet.
Em 2021 tinha
sido anunciado que o grupo Air France-KLM encomendara 100 aviões A320neo para equipar
as frotas da KLM e da Transavia e mals 60 unidades suplementares, o que foi
classificado pela imprensa francesa como o “contrat du siècle”. Em 2019, no salão
aeronáutico do Dubai, a companhia indiana IndiGo encomendou 255 A321neo por
cerca de 30 mil milhões de euros e esta encomenda recebeu a classificação de “contrat pharaonique”. Em 2017 tinha sido anunciado um “contrat historique”
e “la commande du siècle” quando foi anunciado que um fundo de investimento
americano encomendara 430 aviões A320 e A321 por 42 mil milhões de euros. Em 2013 a companhia indonésia Lion Air encomendou
234 aviões da família A320 por 18,4 mil milhões de euros e, nessa altura, o
ministro Arnaud Montebourg afirmou que era o “contrat du siècle”.
Como se vê, a Airbus é um sucesso tecnológico e comercial, mas a chauvinista imprensa francesa não se cansa de anunciar sucessivos “contrats du siècle”-