quinta-feira, 27 de julho de 2017

Os oportunistas políticos vivem do fogo

Os incêndios florestais continuam a devastar a zona centro do país, mas o incêndio de Pedrógão Grande e a tragédia que então aconteceu ainda estão presentes na memória dos portugueses, apesar de já ter passado mais de um mês.
Essa tragédia e a calamidade que nos está a atingir deveriam ser factores de unidade nacional, de reflexão crítica sobre a solução a adoptar no futuro e de coesão em torno da tarefa de reconstrução emocional e material daquela região mas, provavelmente na linha preconizada por esse estratega-caceteiro que é Paulo Rangel, tem sido usada como oportunidade política. Sim, Rangel classificou a tragédia de Pedrógão como uma oportunidade política! Porém, o que tem sido dito por Passos Coelho e por Assunção Cristas, depois repetido por alguns dos seus mais fiéis seguidores, tem sido uma vergonha e revela a enorme mediocridade e insensibilidade desses dirigentes ambiciosos que pouco têm para oferecer ao país.
Nunca o aproveitamento político foi tão longe e foi tão miserável. Desde a exigência da demisssão da ministra da Administração Interna, passando pela tese dos suicídios inventada por Passos Coelho ou pela insistência quanto ao número de bombeiros feridos, até ao recente ultimato para publicação das listas das vítimas de Pedrógão e à ameaça de uma moção de censura ao governo, tudo tem servido para insultar os governantes, com a repetida insinuação de que escondem a verdade aos portugueses. Tem sido um vale tudo. A partir de um simples boato, de uma declaração ou de uma notícia não confirmada, que a comunicação social dos jovens enviados especiais à procura de emprego repete e amplifica acriticamente, Cristas e Passos têm-se revelado oportunistas sem escrúpulos. Pegam nos microfones e, como se os portugueses tivessem memória curta e desconhecessem o mal que nos fizeram quando foram subservientes à troika, tratam de aproveitar a terrível conjuntura do fogo florestal para servir os seus interesses políticos. Nem o exemplo do Presidente da República os trava no seu alarido social. Até parece que vivem do fogo e da desgraça de tanta gente.