O
conflito da Ucrânia parece estar para durar e não se vislumbra uma solução
militar, enquanto o esforço de guerra das partes envolvidas é enorme e muito
desgastante, porque os recursos não são ilimitados ou, como dizia Paul
Samuelson, quando se gasta mais em
canhões, gasta-se menos em manteiga.
Do Atlântico aos Urais, os governos das partes envolvidas começam a ser
questionados pelos cidadãos, que veem a sua ração de manteiga mais reduzida e,
por isso, o sentimento das opiniões públicas é cada vez determinante para a
condução da guerra.
Daí
que comecem a surgir sondagens a medir o sentimento dos cidadãos europeus em relação ao conflito ucraniano.
Na sua edição de
hoje, o semanário Expresso publica uma recente sondagem do ICS/ISCTE, que destaca
que os “Portugueses mais atingidos pela crise já querem cedências à Rússia”.
Assim, a sondagem revela que 53% dos portugueses “preferem resistir à Rússia” e
que 35% “preferem ceder à Rússia”, mas também que “entre os maiores de 65 anos,
37% dizem que ‘seria melhor’ terminar a guerra, mesmo fazendo cedências a
Moscovo”. Além disso, outra curiosidade da sondagem é que “a defesa de um final
rápido do conflito com cedências do Ocidente é exactamente igual entre
eleitores de esquerda e de direita (34%)”, isto é, a vontade de encontrar a paz
não é determinada pela ideologia, mas por outros factores.
No mais recente Eurobarómetro, divulgado a 6 de Setembro
em Bruxelas, os cidadãos europeus confirmam o seu forte apoio à Ucrânia,
incluindo o apoio humanitário (92%), o apoio ao acolhimento de ucranianos que
fogem da guerra (90%), o apoio às sanções económicas impostas aos russos (78%)
e o apoio ao financiamento e fornecimento de equipamento militar à Ucrânia
(68%), o que significa que 32% dos cidadãos europeus não apoiam nem o
financiamento, nem o fornecimento de equipamento militar à Ucrânia. Assim, os
números do Eurobarómetro parecem
estar em linha com os resultados apurados pela sondagem publicada pelo Expresso,
mostrando que ao contrário do que é insistentemente insinuado por políticos e
comentadores televisivos, há muita gente na Europa e em Portugal que quer a paz
na Ucrânia.