sábado, 24 de setembro de 2022

A guerra da Ucrânia e as opiniões públicas

O conflito da Ucrânia parece estar para durar e não se vislumbra uma solução militar, enquanto o esforço de guerra das partes envolvidas é enorme e muito desgastante, porque os recursos não são ilimitados ou, como dizia Paul Samuelson, quando se gasta mais em canhões, gasta-se menos em manteiga. Do Atlântico aos Urais, os governos das partes envolvidas começam a ser questionados pelos cidadãos, que veem a sua ração de manteiga mais reduzida e, por isso, o sentimento das opiniões públicas é cada vez determinante para a condução da guerra.
Daí que comecem a surgir sondagens a medir o sentimento dos cidadãos europeus em relação ao conflito ucraniano.
Na sua edição de hoje, o semanário Expresso publica uma recente sondagem do ICS/ISCTE, que destaca que os “Portugueses mais atingidos pela crise já querem cedências à Rússia”. Assim, a sondagem revela que 53% dos portugueses “preferem resistir à Rússia” e que 35% “preferem ceder à Rússia”, mas também que “entre os maiores de 65 anos, 37% dizem que ‘seria melhor’ terminar a guerra, mesmo fazendo cedências a Moscovo”. Além disso, outra curiosidade da sondagem é que “a defesa de um final rápido do conflito com cedências do Ocidente é exactamente igual entre eleitores de esquerda e de direita (34%)”, isto é, a vontade de encontrar a paz não é determinada pela ideologia, mas por outros factores.
No mais recente Eurobarómetro, divulgado a 6 de Setembro em Bruxelas, os cidadãos europeus confirmam o seu forte apoio à Ucrânia, incluindo o apoio humanitário (92%), o apoio ao acolhimento de ucranianos que fogem da guerra (90%), o apoio às sanções económicas impostas aos russos (78%) e o apoio ao financiamento e fornecimento de equipamento militar à Ucrânia (68%), o que significa que 32% dos cidadãos europeus não apoiam nem o financiamento, nem o fornecimento de equipamento militar à Ucrânia. Assim, os números do Eurobarómetro parecem estar em linha com os resultados apurados pela sondagem publicada pelo Expresso, mostrando que ao contrário do que é insistentemente insinuado por políticos e comentadores televisivos, há muita gente na Europa e em Portugal que quer a paz na Ucrânia.

1 comentário:

  1. A paz querem todos (ou quase, há sempre quem beneficie com as guerras), agora quanto ao preço a pagar por ela é que é difícil chegar a acordo.

    ResponderEliminar