quarta-feira, 5 de maio de 2021

A polémica no centenário de Napoleão

Napoleão Bonaparte morreu no dia 5 de Maio de 1821 em Longwood na ilha de Santa Helena, onde se encontrava deportado desde que fora derrotado no dia 18 de Junho de 1815 pelas tropas inglesas e prussianas em Waterloo. Tinha 51 anos de idade e hoje perfazem-se 200 anos sobre a sua morte.
Nascido em 1769 na cidade de Ajaccio, na Córsega, veio a ser admitido na École Militaire em 1784 e, quando em 1789 eclodiu a Revolução Francesa, tinha vinte anos de idade e era oficial de artilharia no exército francês. Aproveitou as oportunidades que a revolução lhe proporcionou e com 24 anos foi promovido a general. Como referiu um jornal francês, Napoleão ganhou 77 das 86 batalhas que travou, o que representa um índice de sucesso militar sem paralelo na história. Considerado um militar de génio, tornou-se imperador dos franceses de 1804 a 1814 e, por cem dias, em 1815.
O presidente Emmanuel Macron evocou a efeméride de uma forma bem simples e discreta, colocando uma coroa de flores no seu túmulo, evitando envolver-se na polémica que estava a dividir os franceses, pois enquanto uns queriam uma celebração com pompa e circunstância para enaltecer o homem e o império que dominaram grande parte da Europa continental, outros entendiam que o legado napoleónico está manchado por belicismo, por violações de direitos humanos e por desrespeito dos tratados internacionais, além de que Napoleão era um megalomaníaco que causou mais miséria do que qualquer homem até ao aparecimento de Hitler. Além disso, muitos países desde o Egipto a Portugal, foram vítimas da pilhagem das tropas napoleónicas, que levaram tudo o que encontraram de valor nas igrejas e nos palácios. 
O jornal La Dépêche du Midi que se publica em Toulouse, perguntava na sua edição de hoje se os franceses devem celebrar Napoleão. A resposta a estas questões não é simples. A interpretação do passado e dos seus protagonistas terá que ser decidida por cada comunidade concreta em função dos seus valores históricos e culturais, não podendo ser feita em função das circunstâncias e dos valores do presente, nem por cedência a minorias activas de qualquer sinal.

Mourinho muda-se de Londres para Roma

Não sei se José Mourinho se tornou treinador de futebol por vocação, por formação ou por acaso, mas parece-me que nele convergiram estas três situações. O facto é que começou a sua vida profissional como professor de Educação Física na Escola Básica 2/3 José Afonso em Alhos Vedros, depois tornou-se preparador físico no Estrela da Amadora e auxiliar técnico no Vitória de Setúbal, até que foi contratado pelo Sporting para trabalhar com Bobby Robson, primeiro como tradutor e, depois, como técnico auxiliar ou adjunto. Nunca mais parou e, depois de ter sido campeão europeu com o Futebol Clube do Porto, decidiu emigrar e treinou o Chelsea, o Inter de Milão, o Real Madrid, de novo o Chelsea, o Manchester United, o Tottenham e, a partir do próximo mês de Junho, a Associazione Sportiva Roma, S.p.A.. No seu currículo constam muitos títulos desportivos, incluindo duas Ligas dos Campeões, enquanto em Janeiro de 2011 foi eleito pela FIFA como o melhor treinador de futebol do mundo.
José Mourinho foi, provavelmente, o primeiro treinador de futebol português a ter um indiscutível sucesso no estrangeiro e, de parceria com Cristiano Ronaldo, são os nomes mais famosos do futebol português.
Há quem afirme que este novo desafio de Mourinho é um retrocesso na sua carreira. Não sei. Sei apenas que, desde que iniciou a sua carreira internacional, acumulou muitos milhões e que toda a imprensa italiana de hoje, tanto os jornais generalistas como os jornais desportivos, noticiam com euforia a sua ida para a Associazione Sportiva Roma. O jornal Il Tempo diz que é “um rei em Roma”, mas os jornais desportivos parecem ter entrado em delírio, porque Mourinho lhes inspira confiança e pode dar uma nova centralidade ao futebol italiano. Por aqui, vemos com satisfação como a sorte continua a proteger este setubalense de 58 anos de idade e espera-se que tenha sucesso desportivo, para além do seu habitual sucesso financeiro.