domingo, 9 de outubro de 2022

A humilhante derrota no estreito de Kerch

Um segmento da ponte de Kerch, que liga o território da Rússia continental com a península da Crimeia, ou que atravessa o estreito que liga o mar Negro com o mar de Azov, foi destruído ontem em resultado de uma explosão de grande violência, provocada pelo incêndio de diversos vagões com combustíveis. Foi um duro golpe para o orgulho da Rússia e foi uma grande vitória para a Ucrânia. O jornal espanhol El Mundo noticia esse duro golpe e diz que Putin procura um contragolpe, o que pode significar a escalada e as suas imprevisíveis consequências.
Aquela ponte foi construída depois da anexação russa da Crimeia em 2014 e representou a determinação russa no que respeita à integração daquela península ucraniana, embora a sua construção sempre tivesse sido condenada internacionalmente. A sua inauguração em 2018 como a maior ponte da Europa, passou a ser um símbolo da capacidade tecnológica da engenharia russa, mas também uma afirmação de poder, ao ligar fisicamente o território russo com a península da Crimeia. Porém, a importância da ponte é não só simbólica, mas também logística pois assegura o reabastecimento da península da Crimeia. Por isso, esta ocorrência não pode ter sido uma casualidade, pois integra-se nas operações de guerra que decorrem na Ucrânia desde 24 de Fevereiro de 2022, sendo mais um exemplo das trágicas destruições que estão a devastar aquela região. Depois das derrotas que tiveram na sua tentativa de dominar Kiev e da perda do cruzador Moskva, esta operação sobre a ponte de Kerch é mais uma humilhante derrota para os russos. Quem imaginasse que o inverno podia vir a aconselhar as partes a começarem a moderar-se e a negociar, deve ter-se enganado. O ataque à ponte de Kerch veio enfurecer o orgulho russo e não ajuda os esforços de paz nos próximos tempos, o que é cada vez mais preocupante. Muito preocupante.

Angola, o apaziguamento e o progresso

O Jornal de Angola deu notícia do encontro havido em Luanda entre o presidente João Lourenço e Adalberto da Costa Júnior, o líder da UNITA e candidato presidencial derrotado, alegadamente para “troca ideias sobre anseios do povo”. Uma fotografia com os dois políticos sorridentes e a apertar as mãos, mostra como esse encontro correu bem.
Em tempos da muita perturbação que vai pelo mundo é uma boa notícia. Há poucas semanas, quando os resultados eleitorais foram equilibrados e revelaram um país dividido, houve quem temesse que Angola entrasse num período de tensão e de instabilidade, mas este encontro e esta fotografia entre os dois líderes vieram mostrar o ambiente democrático que se vive em Angola, que bem útil será para o progresso da sociedade angolana.
Quando assistimos diariamente ao que se passa na campanha eleitoral do Brasil e nos recordamos do que se passou em Janeiro de 2021 com o assalto ao Capitólio sob a inspiração de Donald Trump, só podemos concluir que Angola está a dar um grande exemplo de democracia e de convivência. Esse exemplo é reforçado pelo facto de ter terminado exactamente há vinte anos, a longa guerra civil que durou 27 anos, entre o MPLA e a UNITA, ou entre Cuba e a África do Sul.
O machado de guerra está definitivamente enterrado. Agora é preciso unir esforços para fazer daquela terra tão rica em recursos naturais, uma sociedade mais igualitária e mais desenvolvida para benefício de todos os angolanos.