sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Os cães atentam contra a saúde pública

A revista Visão decidiu destacar como tema principal de reportagem da sua última edição os “novos filhos” de estimação, isto é, aquela conceituada revista parece ter colocado em idêntico patamar, ou em alternativa, os filhos dos leitores e os seus cães. 
Sendo muito grave o problema da natalidade em Portugal, a simples ideia de haver “novos filhos” já é preocupante. Até há pouco tempo, a posse de um cão era um fenómeno típico dos meios rurais e suburbanos para guarda, para companhia ou para caça, mas nos últimos anos acentuou-se a sua utilização para outras funções de grande utilidade social, designadamente como cães-guia e cães-polícia, embora a companhia continue a ser a sua função mais procurada, parecendo que há cada vez mais famílias urbanas a adoptar um cão para cohabitar no seu apartamento.
Um estudo recente concluiu que há mais de três milhões de portugueses que possuem pelo menos um cão, o que representa quase 40% da população. O número impressiona e o número de portugueses que possuem um cão supera largamente aqueles que possuem outros animais em casa, estimando-se que metade dos lares portugueses possuem um ou mais animais de estimação, o que é o dobro da média europeia.
A adopção de um cão, por vezes com o estatuto de um quase como membro da família, é uma decisão soberana de cada cidadão. Tal como ter ou não ter filhos. Mas são coisas bem diferentes. Porém, o que está a acontecer nas nossas cidades, especialmente em Lisboa, é uma ocupação do espaço público pelos cães e pelos seus dejectos que constituem um atentado à saúde pública, numa afirmação de grosseira incivilidade da parte dos seus donos e, nos espaços verdes onde em tempos brincaram as crianças, hoje não é mais possível que outras crianças continuem a fruição desses espaços. Eu protesto apenas por isso!  

Que nos valha o desporto e... o Ronaldo

Numa época em que persiste o desalento pela nossa incapacidade colectiva e governativa para ultrapassar a persistente crise em que estamos mergulhados desde há muito tempo e em que aceitamos a constante humilhação a que nos sujeitam os nossos amigos europeus, o desporto costuma funcionar como válvula de escape.
Porém, este ano as coisas não tinham corrido bem até que Telma Monteiro, na passada semana, se sagrou vice-campeã mundial de judo pela quarta vez. Foi uma alegria desportiva e, ontem, voltamos a sorrir. Numa votação realizada no Mónaco durante a cerimónia do sorteio de grupos da Liga dos Campeões, os jornalistas desportivos europeus elegeram Cristiano Ronaldo e a UEFA proclamou-o como o Melhor Futebolista da Europa em 2014. Assim, ele realizou um feito inédito ao conquistar no mesmo ano a Bola de Ouro, a Bota de Ouro e o troféu do Melhor Futebolista da Europa e, como hoje escreveu o diário madrileno as, “como Cristiano no hay ninguno”.
Embora os feitos desportivos de Telma Monteiro e de Cristiano Ronaldo tenham diferente dimensão, ambos têm destaque nos media internacionais e contribuem para valorizar e acrescentar a nossa auto-estima. Ambos representam o prémio de um esforço continuado e persistente, a que os obriga a alta competição. Em nenhum outro plano, nomeadamente no campo político, temos tanta notoriedade e boa imagem internacional. A generalidade dos Barrosos e dos Constâncios, tal como dos Arnauts e dos Moedas, que ocupam cargos internacionais por quota e não por mérito, não nos dão este tipo de alegrias. Pelo contrário. Por isso, que nos valha o desporto e... o Ronaldo.