A revista Visão
decidiu destacar como tema principal de reportagem da sua última edição os
“novos filhos” de estimação, isto é, aquela conceituada revista parece ter colocado
em idêntico patamar, ou em alternativa, os filhos dos leitores e os seus cães.
Sendo muito grave
o problema da natalidade em Portugal, a simples ideia de haver “novos filhos” já
é preocupante. Até há pouco tempo, a posse de um cão era um fenómeno típico dos
meios rurais e suburbanos para guarda, para companhia ou para caça, mas nos
últimos anos acentuou-se a sua utilização para outras funções de grande
utilidade social, designadamente como cães-guia e cães-polícia, embora a
companhia continue a ser a sua função mais procurada, parecendo que há cada vez
mais famílias urbanas a adoptar um cão para cohabitar no seu apartamento.
Um estudo recente
concluiu que há mais de três milhões de portugueses que possuem pelo menos um
cão, o que representa quase 40% da população. O número impressiona e o número
de portugueses que possuem um cão supera largamente aqueles que possuem outros
animais em casa, estimando-se que metade dos lares portugueses possuem um ou
mais animais de estimação, o que é o dobro da média europeia.
A adopção de um cão, por vezes
com o estatuto de um quase como membro da família, é uma decisão soberana de
cada cidadão. Tal como ter ou não ter filhos. Mas são coisas bem diferentes. Porém, o que está a acontecer nas nossas cidades, especialmente
em Lisboa, é uma ocupação do espaço público pelos cães e pelos seus dejectos
que constituem um atentado à saúde pública, numa afirmação de grosseira incivilidade
da parte dos seus donos e, nos espaços verdes onde em tempos brincaram as crianças,
hoje não é mais possível que outras crianças continuem a fruição desses
espaços. Eu protesto apenas por isso!
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