Celebram-se hoje
47 anos sobre o dia 25 de Abril de 1974. Nesse dia, a que Sofia de Mello
Breyner chamou “o dia inicial inteiro e limpo”, caiu o regime nascido do
movimento de 28 de Maio de 1926, que se fortalecera com o poder pessoal e não
democrático de Salazar, que viria a conservar-se no poder e a impor um regime
de clausura durante mais de quatro décadas. Esse regime reprimia
as liberdades, cultivava o analfabetismo e o obscurantismo da população, gerara
o empobrecimento do país, impulsionara a emigração e tinha provocado o
isolamento internacional de Portugal, ao prosseguir teimosamente e contra os
ventos da história, uma política colonial e uma dura guerra em três frentes de
luta. Era o “Portugal Amordaçado” de Mário Soares e “O Império com pés de
barro” de José Freire Antunes.
O 25 de Abril foi
“a madrugada que eu esperava”, como também escreveu Sofia, foi a grande festa
da libertação e teve um apoio popular extraordinário. O antigo regime não teve
quem o defendesse e caiu de podre. Foi um dia inesquecível para quem teve o
privilégio histórico e emocional de o viver, porque devolveu a liberdade aos
portugueses e acabou com treze anos de guerra, daí resultando o fim do mais
antigo império colonial da história moderna e a conquista da liberdade e da independência
pelos povos das colónias portuguesas. Acabou também com a PIDE, a zelosa
polícia que oprimia pelo medo, que perseguia os cidadãos sempre suspeitos de
atentarem contra a segurança do Estado, a quem torturava e metia na prisão arbitrariamente e sem
quaisquer garantias de defesa. O 25 de Abril permitiu que o mundo abrisse as
suas portas ao novo Portugal e, em especial, levou a que fosse possível a
integração no espaço económico e social que hoje constitui a União Europeia.
O 25 de Abril
cumpriu as suas grandes propostas – democratizar,
descolonizar, desenvolver – continuando a ser uma data de que os
portugueses se orgulham.
Viva o 25 de
Abril!