Ontem foi o dia
do referendo na Catalunha e, como se esperava, as coisas não correram com
normalidade e a tensão foi muito grande. Os independentistas de Puigdemont
levaram a sua farsa eleitoral até limites inesperados e até anunciaram que o si à independência da Catalunha obtivera
90% de votos e que se tinham registado 761 feridos em resultado das cargas
policiais. Estes números não têm qualquer credibilidade, mas os efeitos
produzidos através das imagens televisivas foi devastador, porque a luta dos
catalães entrou nas agendas mediáticas internacionais, ganhou os seus primeiros
apoios internacionais e deu alento aos muitos regionalismos e egoismos que
existem pela Europa.
O governo de
Mariano Rajoy tem o apoio dos principais países da Europa e dos Estados Unidos
e tem o dever constitucional de denunciar a ilegalidade da farsa referendária
conduzida por dirigentes irresponsáveis, mas também tem a obrigação de conhecer
as aspirações históricas e o orgulho catalão e de não o afrontar com a ocupação
policial da Catalunha, quase como uma força militarizada de ocupação.
Portanto, ontem o
referendo não existiu porque a polícia nacional o inviabilizou, mas a causa
catalã ganhou uma nova expressão cada vez mais difícil de controlar.
A tradição
espanhola não exclui a violência e os independentistas sabem disso. Por isso, apesar
de continuarem a desafiar o governo de Madrid, a sua estratégia passa agora por
pedir negociações para a independência da Catalunha com mediação internacional,
o que não cabe na cabeça de ninguém. A independência está por agora derrotada,
até porque a outra metade da Catalunha rejeita a independência e defende a
unidade da Espanha. Neste imbróglio é curioso observar o que se passa com um
dos mais importantes jornais catalães que é o elPeriódico, que se
publica em Barcelona e que é subsidiado generosamente pela Generalitat de
Catalunya, não admirando por isso que seja a sua voz oficiosa.
Assim, na sua
edição do passado dia 7 de Setembro o jornal anunciou Desobediencia e os independentistas desobedeceram. Hoje, o mesmo
jornal escreveu Insurrección. Será
esse o próximo passo de Puigdemont e da sua gente? Será a greve geral de amanhã um passo nesse sentido?