quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

DT, VP, a Ucrânia e o "ataque à Europa"

Estão quase a completar-se quatro anos desde que começou a guerra na Ucrânia, embora haja muita gente que entende que esse conflito começou em 2014, ou mesmo em 1990. As primeiras tentativas de cessar-fogo aconteceram em Março e Abril de 2022, menos de um mês após o início da invasão russa, em que os representantes dos dois países se reuniram em Istambul pelo menos sete vezes, para negociar o cessar-fogo e a paz. Nessa altura, os russos não exigiam territórios, mas apenas garantias de segurança nas suas fronteiras, a neutralidade permanente da Ucrânia e a sua não-entrada na NATO, a recusa de tropas estrangeiras no seu território e a possibilidade de adesão ucraniana à União Europeia, se o país o desejasse. Então, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson foi a Kiev no dia 9 de Abril de 2022 para persuadir Zelensky a prosseguir a sua luta “até à derrota da Rússia” e impedindo-o de assinar o acordo de paz com a Rússia. Estava escolhido o caminho da guerra e a escalada belicista, com muitos milhares de mortos, milhões de refugiados, muitas cidades destruídas e a crescente militarização da Europa.
A partir de então, a guerra intensificou-se, os mass media colocaram-na nas suas agendas e surgiram os inúmeros comentadores televisivos alinhados com a ideia de guerra, enquanto aqueles que defendiam a paz passaram a ser considerados putinistas. As notícias da guerra, verdadeiras ou falsas, passaram a inundar o nosso quotidiano, agora amplificadas pelas posições belicosas de Emmanuel Macron, Mark Rutte, Ursula von der Leyen, Kaja Kallas e outros estrategas. A histeria instalou-se e só falta ressuscitar a famosa comédia "vêm aí os russos". Enquanto isto, apareceu Donald Trump, que tem hostilizado todos esses líderes europeus e que, movido por interesses económicos e outros, se mostra em sintonia com Putin que, naturalmente, quer agora muito mais do que queria em 2022.

Na sua mais recente edição, a capa da revista Der Spiegel mostra “dois vilões e um objectivo [de atacar a Europa]”, isto é, mostra Putin a retalhar a União Europeia com o apoio e o sorriso de Trump.

É evidente que ninguém pensa no povo ucraniano e que cada uma das personalidades que, no ocidente e no oriente, dizem defender a Ucrânia, apenas pensam nos seus próprios interesses. Pobres ucranianos!