Estão quase a completar-se quatro anos
desde que começou a guerra na Ucrânia, embora haja muita gente que entende que
esse conflito começou em 2014, ou mesmo em 1990. As primeiras tentativas de
cessar-fogo aconteceram em Março e Abril de 2022, menos de um mês após o início
da invasão russa, em que os representantes dos dois países se reuniram em
Istambul pelo menos sete vezes, para negociar o cessar-fogo e a paz. Nessa
altura, os russos não exigiam territórios, mas apenas garantias de segurança
nas suas fronteiras, a neutralidade permanente da Ucrânia e a sua não-entrada
na NATO, a recusa de tropas estrangeiras no seu território e a possibilidade de
adesão ucraniana à União Europeia, se o país o desejasse. Então, o
primeiro-ministro britânico Boris Johnson foi a Kiev no dia 9 de Abril de 2022
para persuadir Zelensky a prosseguir a sua luta “até à derrota da Rússia” e
impedindo-o de assinar o acordo de paz com a Rússia. Estava escolhido o caminho
da guerra e a escalada belicista, com muitos milhares de mortos, milhões de
refugiados, muitas cidades destruídas e a crescente militarização da Europa.
A partir de então, a guerra
intensificou-se, os mass media
colocaram-na nas suas agendas e surgiram os inúmeros comentadores televisivos
alinhados com a ideia de guerra, enquanto aqueles que defendiam a paz passaram
a ser considerados putinistas. As notícias da guerra, verdadeiras ou falsas,
passaram a inundar o nosso quotidiano, agora amplificadas pelas posições
belicosas de Emmanuel Macron, Mark Rutte, Ursula von der Leyen, Kaja Kallas e
outros estrategas. A histeria instalou-se e só falta ressuscitar a famosa comédia "vêm aí os russos". Enquanto isto, apareceu Donald Trump, que tem hostilizado
todos esses líderes europeus e que, movido por interesses económicos e outros,
se mostra em sintonia com Putin que, naturalmente, quer agora muito mais do que
queria em 2022.
Na sua mais recente edição, a capa da
revista Der Spiegel mostra “dois vilões e um objectivo [de atacar a
Europa]”, isto é, mostra Putin a retalhar a União Europeia com o apoio e o
sorriso de Trump.
É evidente que ninguém pensa no povo ucraniano e que cada uma das personalidades que, no ocidente e no oriente, dizem defender a Ucrânia, apenas pensam nos seus próprios interesses. Pobres ucranianos!

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