Cuba sempre
suscitou uma enorme curiosidade e simpatia na juventude europeia dos anos 60,
sobretudo pela mediatização que foi feita do mítico Ernesto Che Guevara, o
jovem médico argentino que se juntou a Fidel de Castro e que em 1957-1958 teve
um destacado papel na revolução cubana. Porém, a simpatia pela revolução cubana
também resultava de um somatório de episódios protagonizados por um grupo de
jovens guerrilheiros que, com muita coragem, tinham lutado contra o regime de
Fulgêncio Batista: era o audacioso assalto ao quartel de Moncada, o julgamento e
a condenação do jovem advogado Fidel, as peripécias da organização da guerrilha, a viagem do Gramna, o desembarque dos 82
revolucionários, a luta na Sierra Maestra, as batalhas por Santiago e Santa
Clara e a entrada em Havana em Janeiro de 1959. Era a fuga de Batista, a
vitória e o poder. A corrupção e os interesses americanos instalados na ilha foram
atacados. Depois, foi a nacionalização da banca e das grandes empresas, as
expropriações e a reforma agrária. A hostilidade americana acentuou-se e foi
decretado um embargo comercial. Cuba entrou na órbita da URSS e passou a
exportar a revolução.
Passaram-se
muitos anos e os tempos mudaram, mas Cuba permaneceu estática, apesar de ter
sido eliminado o analfabetismo e de existir um sistema de saúde universal. As
transformações revolucionárias não produziram os resultados esperados e os
cubanos empobreceram. A URSS implodiu e Cuba perdeu grande parte do apoio do
seu aliado. O envelhecido Fidel adoeceu e em 2008 foi substituído pelo seu
irmão Raúl Castro.
Agora, depois de
quase sessenta anos de isolamento e de recíproca hostilidade, os Estados Unidos
e Cuba reaproximam-se e os seus Presidentes – Barack Obama e Raúl Castro –
prometem cooperar, apesar de Castro ainda ter afirmado “as nossas profundas diferenças”.
Para já espera-se o fim do embargo comercial imposto pelos Estados Unidos em
1962, a retirada de Cuba da lista dos países patrocinadores do terrorismo e a
chegada de muitos turistas americanos. O mundo e a imprensa de língua espanhola elogiaram esta reaproximação mas, sobretudo, há 11 milhões
de cubanos que agora esperam por uma vida melhor.