quinta-feira, 28 de maio de 2020

A Europa reage à máxima velocidade

A gravidade da situação sanitária e económica que nos vêm atropelando, não nos dá suficientes sinais de se atenuar. A incerteza continua a ser a única coisa… certa. A dúvida permanece. No meio de tantas preocupações, têm-se amontoado as reivindicações corporativas e as exigências de apoios estaduais, frequentemente irrealistas e até irresponsáveis, como se houvesse uma varinha mágica que resolvesse a pandemia, a recuperação da confiança e a superação da crise económica. Na economia, como na vida, as necessidades são ilimitadas, mas os recursos são escassos e, perante esse postulado, há que travar os que mais gritam, para que não sejam penalizados os que menos gritam.
De uma forma geral, o governo, a oposição e as autoridades sanitárias portuguesas têm estado à altura das circunstâncias e, quando vemos o que se passa noutras regiões, temos que nos congratular e agradecer a determinação com que enfrentam a situação.
A União Europeia pela voz de Angela Merkel e Emmanuel Macron deu o primeiro sinal de que era necessária uma resposta coordenada e pan-europeia, mas Ursula Gertrud von der Leyen soube pegar naquele impulso e apresentar uma proposta da Comissão Europeia para um Fundo de Recuperação, cujo montante tem muitos zeros à direita. A Europa reagiu à máxima velocidade como escreveu o Libération. Esse Fundo de 750 mil milhões de euros ainda deverá ser aprovado pelo Conselho Europeu, repartindo-se em 500 mil milhões de euros a fundo perdido e 250 mil milhões de euros de empréstimos.
A reacção nos países do sul foi entusiástica e, no caso português, estão previstos 26,3 mil milhões de euros, dos quais 15,5 mil milhões de euros em subvenções e 10,8 mil milhões de euros em empréstimos. Este montante corresponde a cerca de 13% do PIB português em 2019 e a cerca de 3,5% do valor total do fundo de 750 mil milhões de euros. Se se vier a confirmar, será uma benção divina, como dirá qualquer cristão.
Será que esta proposta vai ser aprovada? De onde vem o dinheiro para financiar este novo plano Marshall ou plano MM? E como vai ser a distribuição desses dinheiros em Portugal, onde os abutres dos fundos comunitários que aqui têm entrado desde 1986,, andam por aí sedentos de novas rapinas.

A América evoca os seus 100 mil mortos


Nas suas edições de hoje os principais jornais americanos evocam as vítimas que o covid-19 já causou nos Estados Unidos, onde a pandemia ainda está por controlar, mas que já adquiriu o estatuto de grande catástrofe. O número 100 000 aparece na primeira página de muitos jornais a homenagear os mortos, a denotar preocupações e a mostrar perplexidade quanto à surpreendente indiferença de Donald Trump perante esta calamidade. 
Segundo as últimas informações conhecidas, o número de infectados pelo covid-19 no mundo já atinge 5 685 523 pessoas em mais de 187 países e duzentos territórios, incluindo 26 navios de cruzeiro, enquanto o número de óbitos já atingiu 354 985 pessoas. Nos Estados Unidos há 1 734 704 casos confirmados e 101 700 óbitos, o que representa cerca de 30% do total mundial, quer em número de infectados, quer em número de óbitos.
Estes números, quando comparados com cerca de 415 mil americanos mortos durante os cerca de quatro anos que durou a sua participação na 2ª Guerra Mundial, ou com os 58 mil mortos que os Estados Unidos tiveram na guerra do Vietnam, dão-nos a verdadeira dimensão desta tragédia.
O jornal The Washington Post salienta que esta pandemia expôs as enormes vulnerabilidades do país mais rico do mundo que, em menos de três meses, perdeu mais de cem mil cidadãos, sobretudo idosos, afro-americanos e trabalhadores pobres. O jornal também se interroga quanto à quase indiferença do presidente Donald Trump perante a tragédia e por não dar quaisquer sinais de partilhar a tristeza colectiva da sociedade americana, nem ter quaisquer manifestações de silêncio e recolhimento em memória dos que não resistiram ao covid-19.
Donald Trump que é tão obcecado por números, parece pensar apenas na sua reeleição e talvez nos seus negócios, estando a mostrar-se estranhamente silencioso neste marco sombrio da história dos Estados Unidos e não parecendo estar à altura dos seus deveres presidenciais. Porém, esse não é só um problema dos americanos, mas é também um problema do mundo.