A gravidade da
situação sanitária e económica que nos vêm atropelando, não nos dá suficientes
sinais de se atenuar. A incerteza continua a ser a única coisa… certa. A dúvida
permanece. No meio de tantas preocupações, têm-se amontoado as reivindicações
corporativas e as exigências de apoios estaduais, frequentemente irrealistas e
até irresponsáveis, como se houvesse uma varinha mágica que resolvesse a
pandemia, a recuperação da confiança e a superação da crise económica. Na
economia, como na vida, as necessidades
são ilimitadas, mas os recursos são escassos e, perante esse postulado, há
que travar os que mais gritam, para que não sejam penalizados os que menos
gritam.
De uma forma
geral, o governo, a oposição e as autoridades sanitárias portuguesas têm estado
à altura das circunstâncias e, quando vemos o que se passa noutras regiões,
temos que nos congratular e agradecer a determinação com que enfrentam a
situação.
A União Europeia
pela voz de Angela Merkel e Emmanuel Macron deu o primeiro sinal de que era
necessária uma resposta coordenada e pan-europeia, mas Ursula Gertrud von der
Leyen soube pegar naquele impulso e apresentar uma proposta da Comissão
Europeia para um Fundo de Recuperação, cujo montante tem muitos zeros à
direita. A Europa reagiu à máxima velocidade como escreveu o Libération.
Esse Fundo de 750 mil milhões de euros ainda deverá ser aprovado pelo Conselho
Europeu, repartindo-se em 500 mil milhões de euros a fundo perdido e 250 mil
milhões de euros de empréstimos.
A reacção nos
países do sul foi entusiástica e, no caso português, estão previstos 26,3 mil
milhões de euros, dos quais 15,5 mil milhões de euros em subvenções e 10,8 mil
milhões de euros em empréstimos. Este
montante corresponde a cerca de 13% do PIB português em 2019 e a cerca de 3,5%
do valor total do fundo de 750 mil milhões de euros. Se se vier a confirmar,
será uma benção divina, como dirá qualquer cristão.
Será que esta proposta vai ser aprovada? De onde vem o dinheiro para
financiar este novo plano Marshall ou plano MM? E como vai ser a distribuição
desses dinheiros em Portugal, onde os abutres dos fundos comunitários que aqui têm entrado desde
1986,, andam por aí sedentos de novas rapinas.