quinta-feira, 21 de julho de 2011

Promiscuidades

Na sua edição de hoje, o Jornal de Notícias publica um estudo em que conclui que um terço dos nossos deputados se envolveu em negócios com o Estado.
De acordo com o jornal, só nesta legislatura haverá 45 deputados que são advogados e 23 deputados que são juristas, calculando-se que um quinto dos 230 membros da Assembleia da República seja sócio ou colabore com os grandes escritórios de advogados.
Muitos destes escritórios e muitos destes advogados prestam serviços de consultadoria e assessoria ao Estado, às regiões autónomas, às autarquias e a outras pessoas colectivas públicas mas, também, quando para tal são contratados, os seus serviços são prestados a privados contra o Estado e o interesse público.
Lamentavelmente, o cargo de deputado é, para alguns, um "emprego" seguro e bem remunerado que promove influências, proporciona negócios e gera fortuna e, quando cessam essas funções, ainda têm direito a um subsídio de reintegração.
O Bastonário da Ordem dos Advogados já reagiu contra esta situação de acumulação de funções porque “dá azo às piores suspeitas sobre a casa da democracia” e abre a porta a “promiscuidades” e à “degradação da democracia”, insurgindo-se ainda contra o “escândalo” de haver deputados que, enquanto advogados, patrocinam empresas privadas contra o Estado.
Assim sendo, esta forma de clientelismo e de promiscuidade entre interesses públicos e privados tem que ser denunciada e condenada, pois constitui um exemplo do pior que tem a nossa comunidade política e da sua ganância de se servir em vez de servir.
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