quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Há que esclarecer isto, mas com rapidez

O jornal Público divulgou ontem que o Fisco deixou sair cerca de 10 mil milhões de euros para offshores, também conhecidos por paraísos fiscais, exactamente no período de 2011 a 2014, quando o aperto das nossas contas públicas foi maior e quando o mesmo Fisco, pomposamente assumido como Autoridade Tributária, perseguia os contribuintes, oferecia carros de luxo a alguns deles e penhorava a casa a muitas famílias.
O que se passou é muito grave, porque é muito dinheiro. De quem era esse dinheiro? É mais do que pagamos em juros da dívida num ano e refere-se apenas a duas dezenas de transferências. Tanto dinheiro a fugir de Portugal! O Núncio, que fazia parte da equipa de Portas e de Cristas, era o responsável pelo Fisco e não viu ou não quis ver. Deixou que durante o seu mandato não fosse publicada a informação estatística sobre as transferências transfronteiras que os bancos forneciam ao Fisco e, dessa forma, avalizou essas traficâncias. Não tratou de investigar o que se passava. Afinal o seu estilo arrogante era só isso. Não tinha a ver com competência, nem com seriedade, nem com ética no desempenho de funções públicas. Foi negligente e incompetente. A quem serviu ele? Será que agiu como se trabalhasse para um qualquer escritório de advogados e que não soube distinguir interesses? Agora é preciso esclarecer rapidamente o que se passou, até porque os amigos do Núncio já se julgam branqueados e até parece quererem voltar ao poder.
Num segundo plano de responsabilidades está o todo poderoso Fisco que, afinal é forte com os fracos e fraco com os fortes. Quem beneficiou com tudo isto? Que tudo possa ser esclarecido rapidamente.
E anda aquela meia dúzia de deputados da primeira fila, demagogos e irresponsáveis, a berrar sob a batuta do Montenegro por causa dos SMS do Domingues e do Centeno...

Portugal e Cabo Verde: relações fortes

Na passada segunda-feira na cidade da Praia realizou-se a IV Cimeira entre Portugal e Cabo Verde, na qual foram discutidos assuntos de interesse comum. As questões financeiras dominaram a Cimeira e estão bem presentes no Programa Estratégico de Cooperação (PEC), que vinha sendo negociado e que foi rubricado entre António Costa e Ulisses Correia da Silva. O jornal Expresso das Ilhas chamou-lhe “A Cimeira dos afectos” porque se multiplicaram as declarações de amizade produzidas por ambas as partes e dedicou a sua primeira página ao acontecimento.
À margem da Cimeira, o Primeiro-Ministro português foi recebido pelo Presidente da República Jorge Carlos Fonseca, inaugurou a Escola Portuguesa na cidade da Praia e contactou com a comunidade portuguesa.
Embora esta Cimeira pareça ser mais uma acção de rotina da diplomacia portuguesa, o facto é que serviu para lembrar às duas partes que "a relação entre Portugal e Cabo Verde é única, se funda na afectividade e na concretização de objectivos comuns", como declarou o primeiro-ministro português. Na realidade, se no campo da Lusofonia existem evidentes elos de afectividade que a História e a Língua criaram entre os vários países, esses elos são porventura mais fortes entre os portugueses e os caboverdianos, até porque não haverá português que não aprecie as mornas e a cachupa, nem caboverdiano que não seja do Benfica ou do Sporting.