O jornal Público divulgou ontem que o
Fisco deixou sair cerca de 10 mil milhões de euros para offshores,
também conhecidos por paraísos fiscais, exactamente no período de 2011 a 2014, quando o aperto
das nossas contas públicas foi maior e quando o mesmo Fisco, pomposamente
assumido como Autoridade Tributária, perseguia os contribuintes, oferecia carros de luxo a alguns deles e penhorava
a casa a muitas famílias.
O que se passou é muito grave, porque é muito
dinheiro. De quem era esse dinheiro? É mais do que pagamos em juros da dívida
num ano e refere-se apenas a duas dezenas de transferências. Tanto dinheiro a
fugir de Portugal! O Núncio, que fazia parte da equipa de Portas e de Cristas, era
o responsável pelo Fisco e não viu ou não quis ver. Deixou que durante o seu
mandato não fosse publicada a informação estatística sobre as transferências
transfronteiras que os bancos forneciam ao Fisco e, dessa forma, avalizou essas
traficâncias. Não tratou de investigar o que se passava. Afinal o seu estilo arrogante era só isso. Não tinha a ver com
competência, nem com seriedade, nem com ética no desempenho de funções
públicas. Foi negligente e incompetente. A quem serviu ele? Será que agiu como se trabalhasse para um qualquer escritório de advogados e que não soube distinguir interesses? Agora é preciso esclarecer rapidamente o que se
passou, até porque os amigos do Núncio já se julgam branqueados e até parece
quererem voltar ao poder.
Num segundo plano de responsabilidades está o todo
poderoso Fisco que, afinal é forte com os fracos e fraco com os fortes. Quem
beneficiou com tudo isto? Que tudo possa ser esclarecido rapidamente.
E anda aquela meia dúzia de deputados da primeira
fila, demagogos e irresponsáveis, a berrar sob a batuta do Montenegro por causa
dos SMS do Domingues e do Centeno...
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