Faleceu hoje com
78 anos de idade o Professor Doutor Alfredo Bruto da Costa, um homem
excepcional pela inteligência, pela cultura, pela bondade e pela generosidade.
Era natural de Goa mas fixara-se em Portugal quando jovem estudante para
frequentar o Instituto Superior Técnico, onde se licenciou em Engenharia Civil,
embora já nessa época tivesse forte envolvimento nas causas e movimentos sociais
que tanto marcaram a sua exemplar vida cívica e o seu continuado serviço à
comunidade e à causa pública. Veio, por isso, a ser designado para o cargo
de Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e, mais tarde, para exercer o
cargo de Ministro dos Assuntos Sociais no V Governo Constitucional, presidido
por Maria de Lurdes Pintasilgo.
Era doutorado em
Ciências Sociais pela Universidade de Bath, no Reino Unido, com uma tese
intitulada “O paradoxo da Pobreza – Portugal, 1980-1989” , sendo reconhecido como
um especialista nessa área. Foi Presidente do Conselho Económico e Social eleito
pela Assembleia da República e foi Conselheiro de Estado, mas ainda teve tempo
para presidir à Comissão Justiça e Paz, à Direcção da Casa de Goa e para
colaborar com o Conselho da Europa e com a UNESCO.
Alfredo Bruto da
Costa era um homem de superior qualidade e um grande amigo, daqueles com quem se aprendia todos os dias,
sobretudo pela sua coerência na defesa dos direitos humanos e, sobretudo, dos
direitos dos mais pobres. Era um homem de fé, fiel a princípios e de uma enorme tolerância democrática. Homens como ele marcam uma época e são cada vez mais raros numa sociedade dominada pelo egoísmo e pelos valores materiais. Tive o enorme privilégio de com ele trabalhar e conviver e, nesta
hora dolorosa, aqui lhe presto a minha mais sentida homenagem, ao mesmo tempo que apresento as minhas condolências à Vera, à Margarida e à Madalena, mas também a toda a sua
Família que, tantas vezes, me acolheu como se eu dela fizesse parte.