sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

BdP: primeiro o golfe, depois a supervisão

Como se não bastasse o escândalo em que o Banco de Portugal (BdP) se envolveu por não suspender o pagamento dos subsídios de férias e de Natal aos seus funcionários, com o argumento de que se rege pelas regras dos seus congéneres europeus - segundo explicou o nosso primeiro -, sabem-se agora outras peculiaridades daquela casa.
Assim, a entidade supervisora da banca nacional – que deveria ter estado atenta às trafulhices do BPN e do BPP – comprou em Setembro de 2010, por ajuste directo, equipamento de golfe avaliado em mais de cinco mil euros, segundo revela hoje o jornal i.
Em termos absolutos aquele facto não merece referência e seria irrelevante na generalidade das empresas. Porém, no caso do BdP, cujos funcionários conhecem como ninguém a situação dramática em que nos encontramos, seriam de esperar os bons exemplos de austeridade e contenção financeira. Ora a aquisição de equipamento de golfe é exactamente o contrário disso. Já não bastavam todas as mordomias que têm os funcionários do BdP, onde se incluem bons salários, imensos subsídios, facilidades de crédito e muitas outras compensações. Agora, mesmo em tempo de crise, até o golfe é subsidiado no BdP. Assim se compreende porque não supervisionaram a banca: andavam ocupados no golfe, provavelmente a pisar os green e a bater bolas com os oliveiras, os loureiros e os rendeiros.

O futuro da Europa

A Europa vive um período de grande turbulência e ansiedade que resulta da crise económica e financeira, do desemprego, da perda de competitividade, das debilidades estruturais, do elevado endividamento de alguns países e da incapacidade dos seus dirigentes, que têm conduzido a moeda única e o projecto europeu à maior crise da sua história.
A Europa parece estar sem rumo. Ainda há poucos meses havia por cá quem afirmasse que o problema português resultava de uma governação desastrosa e que um novo governo resolveria o problema através do corte das gorduras do Estado e da extinção de institutos. Ainda não tinham percebido. Afinal o problema era comum aos países do sul da Europa e, agora, parece que é de todos. Estas evoluções opinativas mostram como é enorme a desorientação e que, quer a nível interno, quer a nível europeu, não há líderes, nem ideias, nem soluções. O futuro da Europa precisa de ser debatido. Começa a generalizar-se a ideia de que as políticas de austeridade e a disciplina orçamental não bastam e que são necessárias políticas viradas para o crescimento e o emprego.
Como contributo para esse debate, os jornais El País, Le Monde, The Guardian, La Stampa, Gazeta Wyborcza e Süddeutsche Zeitung, líderes de audiência em Espanha, França, Reino Unido, Itália, Polónia e Alemanha, arrancaram hoje com um projecto comum de debate sobre o futuro de Europa. No seu primeiro suplemento inclui-se uma entrevista com Ângela Merkel e artigos subscritos por Felipe González, Gordon Brown, Anthony Giddens, Umberto Eco, entre outros. Todos tratam do futuro da Europa. Do nosso futuro. Da nossa esperança.
Os textos estão disponíveis na internet, mas o suplemento do El País parece que ainda não chegou a Portugal.