terça-feira, 12 de março de 2019

A Argélia caminha para uma nova ordem

Contrariamente ao que acontece na Venezuela com a contestação a Nicolás Maduro, a contestação dos argelinos à candidatura de Abdelaziz Bouteflika para a presidência da Argélia produziu efeitos e o actual presidente, desistiu das suas intenções. Não se sabe se foi por vontade própria ou por pressão dos seus conselheiros, mas nesta desistência prevaleceu a sensatez e, provavelmente, o nome de Bouteflika não será apagado da história argelina. As multidões que, sob o impulso da juventude argelina, vieram para a rua contestar aquela candidatura a um quinto mandato presidencial, aspiram agora a uma mudança de regime, a uma nova sociedade e a novas perspectivas de vida.
Significa que se aproximam tempos difíceis e de confrontação entre uma ordem antiga e uma nova ordem, o que pode incitar a que alguns poderes externos queiram meter a mão onde não devem, a coberto dos mais diversos pretextos. A história recente dos povos mostra-nos que, a partir de agora, tudo pode acontecer na Argélia, mas também nos mostra que são indesejáveis quaisquer interferências externas.
Na Síria, como no Iraque ou na Líbia, as interferências externas produziram maus resultados e é necessário que aqueles que perseguem o petróleo ou o gás natural, não se precipitem na Venezuela, mas também não se intrometam na Argélia. Hoje o jornal francês Libération salienta a primeira vitória, mas não indica quem foram estes primeiros vencedores. O tempo nos mostrará o que vai acontecer.

A crise agudiza-se na Venezuela

A situação na Venezuela está a complicar-se ou, dito de outra forma, está a ir de mal a pior. Antes era a crise económica, a hiper-inflação, a falta de bens essenciais e a insegurança. Depois veio a fuga de muitos milhares de pessoas para o Brasil e para a Colômbia, mas também a contestação nas ruas. Foi então que Juan Guaidó enfrentou o chavismo e se autoproclamou Presidente da República Bolivariana da Venezuela, mas como Nicolás Maduro já estava no poder com largo apoio dos militares e do poder judicial, a Venezuela ficou politicamente polarizada e com dois presidentes, cada qual com os seus apoios internacionais.
Desde então os acontecimentos têm-se sucedido a alta velocidade.
Há cinco dias aconteceu o mais longo apagão da rede eléctrica venezuelana que paralisou o país, que levou ao encerramento de escolas e hospitais. Sem energia eléctrica e sem transportes públicos tudo se alterou na Venezuela e até surgiram os inevitáveis assaltos a supermercados e residências. O desespero tomou conta das pessoas e, com o encerramento das fronteiras terrestres com a Colômbia e o Brasil, a que se juntou a “escuridão” dos últimos dias, a Venezuela está cada vez mais isolada.
O apagão foi uma anormalidade tem todo o aspecto de um inovador ataque feito sem armas, sem soldados e sem aviões. Não foi um acaso. Foi um acto de sabotagem em grande escala. Quem teriam sido os seus autores? Opositores internos ou agentes externos? O grupo de Lima, em que pontificam os Estados Unidos, acusa Maduro de ser o exclusivo responsável pela crise venezuelana, mas Maduro devolve a acusação aos Estados Unidos por este ataque que disse ter sido cibernético e essa acusação foi veiculada pelo jornal Ultimas Notícias de Caracas. Entretanto, Juan Guaidó afirma ter declarado o estado de emergência e convocou novos protestos, aproveitando o desespero da população com a falta de água, de comida e de energia. A crise venezuelana agudiza-se.