terça-feira, 23 de abril de 2024

A cidade de Macau: não há outra mais leal

No século XVI, segundo escreveu Luís de Camões, os portugueses andaram “por mares nunca de antes navegados e passaram ainda além da Taprobana”. Passados cinco séculos de convivência luso-asiática, as marcas dessa passagem ainda são observáveis em vários países e regiões da Ásia do Sul, do Sudoeste Asiático e da Ásia Oriental, tanto nos seus patrimónios materiais, como imateriais.
Macau é, porventura, o maior símbolo dessa realidade. Depois de 442 anos de administração portuguesa, o território regressou à soberania chinesa em 1999 e tornou-se a Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China que, de acordo com a famosa Declaração Conjunta Sino-Portuguesa de 1987, conservará durante 50 anos o seu modo de vida e as suas especificidades culturais, resultantes do longo período em que o território foi administrado por Portugal.
Hoje, a marca portuguesa em Macau não é tão forte como muitos desejariam, mas também não é tão fraca como muitos acusam. Um facto revelador da força da memória portuguesa em Macau aconteceu em 2005, quando a Unesco inscreveu o Centro Histórico de Macau na sua World Heritage List, como “testemunho único do encontro de influências estéticas, culturais, arquitectónicas e tecnológicas do Oriente e do Ocidente”. Nesse território, a que estão emocionalmente ligados muitos milhares de portugueses e onde existem três jornais diários em português, também os 50 anos do 25 de Abril vão ser comemorados, como anuncia na sua edição de hoje o diário hojemacau
Naturalmente, ocorre-nos o título concedido à cidade em 1654 pelo rei D. João IV, como recompensa à lealdade da população portuguesa da cidade durante a ocupação filipina: Cidade do Santo Nome de Deus de Macau, Não Há Outra Mais Leal.