Os nossos governantes desdobram-se em viagens de Estado, naturalmente para melhor desempenhar as suas importantes funções. Essas viagens são missões de sacríficio, são obrigações indeclináveis e, mesmo em tempo de austeridade, só podem ser, como antigamente, a bem da Nação. Não se imagina outra coisa!
O ministro Portas tem sido o campeão e ninguém se lhe compara. O homem embarca, desembarca, discursa, fotocopia, posa, orienta e corre. Este ano, já tem na sua bagagem pelo menos duas visitas aos Estados Unidos e viagens à Turquia, ao Brasil, à China e, agora, a Moçambique. Falta dinheiro para o Instituto Camões, mas não falta dinheiro para as viagens do ministro Portas e das suas comitivas. Que exemplo!
O ministro Portas está em Moçambique para “dar ânimo aos empresários portugueses”. Em tempo de crise, é uma decisão controversa e cara. Hoje visitará a FACIM-2012 e, em particular, o Pavilhão de Portugal. Ontem terá estado num encontro informal com os empresários portugueses e, amanhã, estará na recepção alusiva ao Dia de Portugal na FACIM. Um programa muito apertado e cansativo!
O ministro Relvas inicia amanhã uma visita a Timor-Leste para “reiterar o apoio de Portugal à consolidação política e económica do país”. Em tempo de crise, é uma decisão controversa e cara. O ministro vai na esteira da viagem do ministro Mota e espera ser aplaudido em Dili e não voltar a ser vaiado, como aconteceu em Mafra na abertura dos Jogos da CPLP.
Eu pergunto se, em tempo de grande sacrifício e de pouca esperança, os meus impostos são para pagar viagens destinadas a “dar ânimo aos empresários portugueses” e para “reiterar o apoio de Portugal à consolidação política e económica do país”. O que é que estes ministros-figurões podem fazer em Timor-Leste ou Moçambique que os nossos embaixadores residentes não possam ou não devam fazer?