A mais recente
edição do The Economist, a prestigiada revista inglesa de notícias e
assuntos internacionais, destaca na sua capa uma ilustração em que se vê uma
enorme mesa rodeada de cadeiras, em que apenas há duas que estão ocupadas pelas
personagens do actual momento político - Donald Trump e Vladimir Putin –
enquanto o vazio de todas as outras cadeiras inspirou a escolha do título principal
desta edição - “o pior pesadelo da Europa”.
O título
refere-se à Ucrânia que está em guerra e é um enorme país com mais de 600 mil quilómetros
quadrados, com a questão ucraniana a ser de facto um grande pesadelo para a Europa,
porque nos obriga a repensar o modelo que saiu da 2ª Guerra Mundial, bem como a
criação da NATO e do Pacto de Varsóvia, a guerra fria, a reunificação alemã, a
implosão da União Soviética e o alargamento para oriente da União Europeia e da
NATO.
Neste processo
histórico, a Europa esteve deslumbrada com a sua prosperidade, engordou e
envelheceu, enquanto os seus líderes se deixaram enrolar pelas mordomias com que
Bruxelas os distinguia e que satisfaziam as suas vaidades. Sujeitos aos seus interesses
nacionais, não repararam no dinamismo que corria pelo mundo e na crescente
irrelevância que tinham no panorama internacional. Foram esses líderes que, sem
cuidar de saber o que pensavam as suas opiniões públicas, foram a correr para
Kiev e enganaram Zelensky com promessas de amor eterno.
Agora, que começou
a soprar uma ventania dos Estados Unidos, a Europa foi marginalizada e nem a sentaram naquela enorme mesa. Já está
sob temporal e até ameaçada por um naufrágio porque, como é evidente, está sem
timoneiros.
A Ucrânia é realmente um pesadelo para a Europa.