As recentes
eleições autárquicas e regionais espanholas deram uma escassa vitória ao
partido Partido Popular (PP) por apenas 27% dos votos. O PP perdeu a larga
maioria que detinha e perdeu o poder em algumas regiões importantes, enquanto o
PSOE conseguiu sobreviver ao aparecimento do Podemos e do Ciudadanos. O mapa
político espanhol alterou-se como consequência da reacção do eleitorado à crise
económica e ao desemprego, mas gerou um certo impasse político em muitas situações
onde o radicalismo pré-eleitoral dificulta agora a obtenção de acordos
pós-eleitorais.
O caso da
Comunidade Autónoma da Extremadura é ilustrativo dessa situação. Com uma área
de cerca de 41 mil quilómetros quadrados (quase metade de Portugal) e um pouco
mais de um milhão de habitantes, tem a sua capital em Mérida e inclui 387
municípios nas províncias de Badajoz (165) e Cáceres (222). Nas eleições
autárquicas de 24 de Maio registou-se uma participação de 73% de eleitores,
tendo havido uma bipolarização em torno do PSOE (42,08%) e do PP (36,75%). Dos
3350 mandatos que estavam em disputa, o PSOE obteve 1642 e o PP conseguiu 1295,
enquanto os outros partidos e coligações obtiveram 413 mandatos.
Porém, uma semana
depois das eleições, o jornal Hoy de Badajoz, revela que há 70
municípios ou alcaldias, que
correspondem a 18% do total da comunidade estremenha, que estão pendentes de
acordos entre os diversos partidos políticos para terem governo municipal. São
70 impasses da democracia espanhola. As combinações não são fáceis. O PP
defende que deve governar o partido mais votado, enquanto o PSOE está disposto
a coligar-se à esquerda. Veremos… e, sobretudo, aprendamos.